Processo dos 93 animais mortos em 2020 num incêndio em Santo Tirso vai a julgamento

Duas das arguidas surgem acusadas, cada uma, de 79 crimes de maus tratos a animais de companhia. No incêndio em Julho de 2020, morreram 93 animais.

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Populares salvaram animais em canis ilegais Paulo Pimenta
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O Tribunal de Matosinhos decidiu, esta quarta-feira, levar a julgamento nos exactos termos da acusação os arguidos do processo sobre a morte de 93 animais num incêndio, em Julho de 2020, em Santo Tirso, disse à Lusa fonte do processo.

A decisão daquele tribunal ocorreu após o debate instrutório requerido pelo PAN e pela Associação Zoófila Midas, depois de no final de 2022 o Ministério Público (MP) ter determinado o arquivamento do processo.

No despacho tornado público esta quarta-feira, as arguidas Maria Alexandra Ferreira dos Santos e Ermelinda Maria Machado Ferreira dos Santos, surgem acusadas, cada uma, de 79 crimes de maus tratos a animais de companhia e Maria José Rúbio dos Santos é acusada da prática de um crime do mesmo teor. O arguido Jorge Manuel Pinto Salústio é acusado de 80 crimes de maus tratos a animais de companhia e Célia Maria Mendes da Fonte de 32 crimes.

Entre 17 e 19 de Julho, um incêndio proveniente de Valongo consumiu uma parte substancial da floresta na Serra da Agrela, atingindo dois abrigos ilegais.

Face ao avançar das chamas para a serra, na madrugada de 18 de Julho, centenas de pessoas tentaram chegar ao Cantinho das 4 Patas para auxiliar os animais, uma situação, segundo a acusação, impedida pelo chefe da GNR local e pelas proprietárias que se recusaram a dar acesso ao abrigo ilegal.

O então veterinário municipal, Jorge Salústio, foi também acusado de inacção apesar de saber da existência dos abrigos ilegais, e a vereadora da Protecção Civil, Célia Fonte, de não ter reagido aos alertas. No mesmo dia, soube-se que um segundo abrigo, na mesma serra, o Abrigo de Paredes, fora também atingido pelas chamas, este da responsabilidade de Maria José Rúbio dos Santos.

Jorge Salústio acabou demitido pela Câmara local e alvo de um processo instaurado pela Ordem dos Veterinários.

O acidente resultou em várias queixas, posteriormente agregadas numa só, da responsabilidade do PAN, tendo o Ministério Público pedido, no final de 2022, o arquivamento do processo, acabando o partido por avançar um mês depois com o pedido de abertura da instrução do processo.