Reduzido, mais jovem e com mais mulheres: PCP vai ter um novo comité central
Jerónimo de Sousa, ex-líder do PCP, tinha divulgado que preferia dar espaço aos jovens no comité central, mas vai manter-se na direcção do PCP, da qual será o membro mais velho.
O novo comité central do PCP será essencialmente de continuidade, mas com algumas mudanças: vai ser ligeiramente mais reduzido, jovem e com mais mulheres. Este foi um dos objectivos definidos pelo partido no projecto de resolução política que vai ser votado este fim-de-semana no congresso do PCP e confirma-se agora na lista proposta pelo actual comité central que foi publicada no jornal Avante! desta quinta-feira.
Caso a proposta seja aprovada, o comité central vai passar a ter 125 membros, 37 dos quais mulheres (29,6%), o que se traduz numa redução de três dirigentes e num aumento de duas mulheres face à composição actual (27,3%). E vai também baixar a média etária dos actuais 49 anos para 48 anos.
Estas mudanças decorrem do facto de a maioria dos novos membros (13 entre 25) serem mulheres e de haver um aumento dos dirigentes até aos 30 anos (de seis para oito) e uma redução das pessoas com mais de 60 anos (de 31 para 24). Os membros do comité central mais novos serão Inês Guerreiro e Gonçalo Paixão, de 23 anos, e o mais velho será Jerónimo de Sousa, com 77 anos.
O ex-secretário-geral do PCP tinha confessado, numa entrevista à Radio Renascença publicada esta segunda-feira, que não estava disponível para continuar no comité central porque "o partido precisa de um reforço de quadros" que "abra caminho aos mais jovens". Mas o actual líder, Paulo Raimundo, lembrou que "Jerónimo nunca disse que 'não' a uma tarefa do partido", deixando antever aquela que acabou por ser a decisão do partido: manter o ex-líder na direcção.
Além de Jerónimo de Sousa, há outros nomes de destaque que vão continuar no comité central que, aliás, vai manter a maioria das caras. É o caso do próprio Paulo Raimundo, de Paula Santos, líder parlamentar, do deputado António Filipe, do eurodeputado João Oliveira, de João Ferreira, vereador em Lisboa, dos ex-deputados Bruno Dias e Bernardino Soares, de João Pimenta Lopes, ex-eurodeputado, ou de Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP.
A lista conta também com dirigentes do secretariado como Alexandre Araújo, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e Margarida Botelho, sendo que existem apenas dois membros da comissão política ou do secretariado que vão deixar o comité central: Armindo Miranda e João Dias Coelho.
Ainda assim, a nova composição conta com 28 saídas, entre as quais a de Alma Rivera, ex-deputada, e Ilda Figueiredo, ex-eurodeputada e vereadora no Porto. Do lado das entradas, que são 25, encontra-se Tânia Mateus, que substituiu temporariamente Paulo Raimundo na Assembleia da República neste mandato, durante a licença parental do líder do PCP.
No projecto de resolução política que vai ser discutido no congresso do PCP, de sexta-feira a domingo, em Almada, o comité central definiu que este órgão deve "manter as características", mas admitiu que pudesse "ter alguma redução", uma junção entre "quadros com mais experiência" e a "responsabilização dos jovens" e um "reforço da participação de mulheres".
Além disso, o partido quis "manter uma larga maioria de operários e empregados", integrando "quadros do partido — funcionários e não funcionários – com responsabilidades no trabalho de direcção, oriundos de empresas e locais de trabalho, participantes em organizações e movimentos de massas".