Irão em contacto com os rebeldes sírios e China pede uma “solução política”

O Governo britânico pondera retirar os rebeldes que fizeram cair Assad da lista de grupos terroristas. Teerão diz que abriu uma linha de comunicação com os rebeldes.

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Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, comentando a questão síria WU HAO / EPA
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A China está preocupada com os acontecimentos na Síria e quer uma “solução política” rápida para a questão, depois de em apenas 12 dias ter caído um regime que resistira a uma guerra civil que há muito estava em banho-maria. O Conselho de Segurança realizará nesta segunda-feira uma reunião de emergência para analisar a situação.

“O futuro e o destino da Síria devem ser decididos pelo povo sírio e esperamos que todas as partes relevantes encontrem uma solução política que restaure a estabilidade e a ordem o mais rapidamente possível”, afirmou Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela Reuters.

O Irão, aliado do regime de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia, adiantou ter estabelecido uma linha de comunicação com os rebeldes de forma a “prevenir uma trajectória hostil” entre os dois países. Como afirmou à Reuters um membro do Governo iraniano, Teerão está disposto a dialogar com o novo poder em Damasco.

“Este compromisso é fundamental para estabilizar os laços e evitar novas tensões regionais”, garantiu a fonte.

Também a Rússia, outro dos aliados do regime sírio, se afirmou, nesta segunda-feira, disposta a negociar com as novas autoridades em Damasco. A preocupação de Moscovo centra-se sobretudo nas duas bases militares de importância estratégica que tem no país, um aeródromo em Kheimim, na província de Latakia, e, sobretudo, a base naval de Tartus, o seu acesso ao Mediterrâneo e único porto russo acessível durante todo o ano.

No domingo, o Governo de Vladimir Putin colocou a duas bases em “alerta vermelho” e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sublinhou, citado pela agência Interfax, que o seu futuro é “muito importante” para a Rússia.

Reconhecendo ainda ser “muito cedo” para perceber o que se vai passar, Peskov afirmou, citado pela Europa Press, que Moscovo espera ter “uma conversação séria” logo depois de passar a fase turbulenta de “transformação” pela qual irá passar a Síria, um período que se prevê de “extrema instabilidade”.

Andrei Kartapolvo, presidente da Comissão de Defesa da Duma, a câmara baixa do Parlamento, garantiu que não há nenhuma ameaça iminente contra as duas bases russas na Síria, mas advertiu que os seus efectivos, actualmente a “cumprir as suas obrigações”, responderão à altura em caso de ataque.

Entretanto, o Reino Unido está a equacionar retirar o Hayat Tharir al-Sham (HTS), o grupo jihadista que liderou a ofensiva vitoriosa de 12 dias contra o regime de Assad, da lista de organizações terroristas.

“Vamos considerar a questão e penso que em parte depende da forma como o grupo se comportar agora”, disse o secretário de Estado para as Relações Intergovernamentais, Pat MacFadden, nesta segunda-feira, à Sky News.

Apesar de ter cortado as suas ligações à Al-Qaeda, o grupo liderado por Abu Mohammad al-Jolani é visto ainda com algum receio por causa dessa ligação ao fundamentalismo islâmico.

Sem o retirar dessa lista, os governos ocidentais estão impedidos de lhe dar qualquer apoio.

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