Comissão dos EUA pede fim das relações comerciais normais com a China

A mudança significaria que os EUA reintroduziriam as revisões anuais sobre práticas comerciais da China e ganhariam mais influência para lidar com “comportamentos comerciais injustos”.

Foto
Comissão de Revisão Económica e de Segurança EUA-China apelou, pela primeira vez, ao fim das relações comerciais normais permanentes com Pequim Leah Millis / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:58

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Uma comissão do parlamento dos Estados Unidos recomendou esta terça-feira que Washington termine as relações comerciais normais com Pequim e reverta uma decisão que há 25 anos ajudou a lançar o rápido crescimento económico da China.

No relatório anual enviado ao Congresso, a Comissão de Revisão Económica e de Segurança EUA-China apelou, pela primeira vez, ao fim das relações comerciais normais permanentes com Pequim.

A Comissão reflecte iniciativas de importantes legisladores republicanos - incluindo o Senador Marco Rubio, escolhido pelo Presidente eleito Donald Trump para Secretário de Estado - uma vez que se espera que as disputas comerciais com a China se intensifiquem durante a nova administração.

A mudança significaria que os EUA reintroduziriam as revisões anuais sobre práticas comerciais da China e ganhariam mais influência para lidar com “comportamentos comerciais injustos”, disse a comissão no relatório.

“Esta medida assinalaria uma mudança para uma política comercial mais assertiva destinada a proteger as indústrias e os trabalhadores norte-americanos da coerção económica”, afirmou o relatório.

Esta é uma das nove páginas de recomendações apresentadas pela comissão, criada em 2000 para vigiar as implicações para a segurança nacional das relações comerciais entre Washington e Pequim.

A decisão do Congresso, no último ano da administração de Bill Clinton, facilitou a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001, com a esperança de que a integração na economia global liderada pelos EUA e a prosperidade económica pudessem levar à liberalização política na China.

Isso não aconteceu e a relação comercial sofreu uma reviravolta em 2018, quando Trump lançou uma guerra comercial contra a China, para combater o desequilíbrio nas trocas bilaterais.

Este ano, durante a campanha eleitoral, Trump prometeu impor taxas alfandegárias de 60% sobre os produtos chineses para reduzir ainda mais o défice comercial, uma ameaça que, segundo os especialistas, pode fazer recuar a economia chinesa e aumentar os custos para os consumidores nos Estados Unidos.

O défice comercial dos EUA com a China fixou-se em 279 mil milhões de dólares (263 mil milhões de euros), em 2023, abaixo dos 418 mil milhões de dólares (394 mil milhões de euros), em 2018.

Em Setembro, um grupo de senadores republicanos, incluindo Rubio, apresentou um projecto de lei para pôr um fim às relações comerciais normais permanentes com a China. A designação reduz significativamente as barreiras comerciais.

“Dar à China comunista os mesmos benefícios comerciais que damos aos nossos maiores aliados foi uma das decisões mais catastróficas que o nosso país já tomou”, disse Rubio, ao apresentar o projecto de lei.

Trump escolheu Rubio - conhecido pela sua oposição ideológica ao comunismo e pela sua posição dura em relação à China - para liderar o Departamento de Estado. A escolha precisa de ser confirmada pelo Senado, a câmara alta do Congresso.

“O défice comercial do nosso país com a China mais do que quadruplicou e exportámos milhões de empregos norte-americanos. Acabar com as relações comerciais normais com a China é uma decisão óbvia”, afirmou Rubio.