Nossa Senhora de Fátima no Miss Universo? Portuguesa criticada por escolha de traje

Andreia Correia, de 26 anos, envergou uma indumentária de Nossa Senhora para a eliminatória de traje nacional. Uma opção que não foi consensual, sobretudo nas redes sociais.

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Andreia Correia tem 26 anos e foi a primeira negra a ser coroada Miss Portugal Instagram/Miss Portugal Universo
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A portuguesa Andreia Correia está a ser notícia pela participação no concurso Miss Universo. Apesar de não ter chegado à final — em que saiu vencedora a dinamarquesa Victoria Kjær Theilvig — a concorrente deu nas vistas pela escolha de indumentária para a prova de traje nacional, inspirada em Nossa Senhora de Fátima. A opção não foi a mais consensual e está a ser alvo de críticas nas redes sociais. “Religião e política não deviam ser representadas nestes eventos”, comenta uma utilizadora no Instagram.

O traje é da autoria do criador Orlando Ventura, que bordou o manto branco com flores colocado por cima de um vestido adornado com flores aplicadas. No topo do manto com capuz, a concorrente envergou uma coroa semelhante à da imagem que representa a Senhora de Fátima. Nas mãos, Andreia Correia levava uma Bíblia que se abria e tinha flores. “Conhecida por Nossa Senhora do Rosário de Fátima é uma das invocações atribuídas à Virgem Maria e que teve sua origem nas aparições recebidas por três pastorinhos no lugar da Cova de Iria”, descreve a página do concurso Miss Portugal Universo.

A indumentária foi a escolha para a prova de traje nacional — o concurso divide-se em provas em que cada concorrente usa um traje alusivo ao seu país; noutra vestem biquíni e, na seguinte, vestido de gala. “Portugal é um país muito ligado à religião cristã, em cada canto existem igrejas, monumentos em pedra, no seu interior adornados com talha dourada, azulejos, pinturas e imagens de santos cada um no seu altar para serem venerados, um lugar de culto e peregrinação, onde Fátima é o ponto mais alto desta fé”, continua o site do concurso sobre a escolha.

Até agora nem Andreia Correia, nem Orlando Ventura reagiram às críticas à opção. O PÚBLICO contactou ambos, assim como a organização, sem resposta até ao momento. Na mesma publicação, o concurso Miss Portugal Universo convida à ida a Fátima. “Respira-se tranquilidade e paz, um descarregar de emoções, lágrimas e sorrisos à sua chegada e partida. Quem por lá passa não fica indiferente, o seu espírito fica mais leve. Um lugar a visitar.”

A publicação termina de forma inusitada com uma oração. “Há gostos para tudo, mas este figurino é horrível, não a favorece. Mesmo mantendo a temática, falta glamour, classe, criatividade. É triste tendo em conta o talento que temos em designers de moda”, critica um utilizador. E outro acrescenta: “Hoje os trajes típicos são fantasias baseadas na cultura e tradições. Mas nunca com imagens religiosas. Achei o traje fora de contexto.”

Andreia Correia tem 26 anos e foi a vencedora do concurso Miss Portugal deste ano, tornando-se a primeira mulher negra a conquistar o primeiro lugar do pódio. Filha de imigrantes cabo-verdianos, a jovem é natural de Sintra, mas emigrou para o Reino Unido, onde esteve a estudar comunicação e marketing na Universidade de Greenwich, lê-se na sua página de Facebook.

A participante portuguesa não chegou à final da 73.ª edição do concurso na madrugada deste domingo na Cidade do México, onde foi a dinamarquesa Victoria Kjær Theilvig a sagrar-se vencedora. Com 21 anos, a jovem, que se destacou entre as 120 concorrentes, é bailarina e aspirante a advogada. “Estou aqui hoje porque quero uma mudança, quero fazer história, e é isso que estou a fazer esta noite”, declarou a dinamarquesa que falou publicamente sobre os abusos de que foi vítima na infância.

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Victoria Kjaer Theilvig foi coroada Miss Universo Raquel Cunha/Reuters

Foi a primeira vez que uma dinamarquesa venceu o concurso, mas também a primeira edição da Miss Universo em que mulheres com mais de 28 anos foram autorizadas a participar — Beatrice Njoya, de Malta, com 40 anos, foi a única desta faixa etária a chegar à lista de 30 finalistas.

Nos últimos anos, os concursos de beleza têm aberto horizontes, depois de serem acusados de falta de diversidade ao longo de décadas. Além da idade, também já é permitido concorrerem mulheres com filhos, que já foram ou são casadas. Em 2023, destacou-se a portuguesa Marina Manchete, a primeira mulher trans a ser eleita Miss Portugal, ficou entre o top 20 da final em San Salvador.

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