Scholz pediu a Putin para negociar “paz justa e duradoura” com a Ucrânia

Os dois líderes falaram cerca de uma hora, sem haver qualquer ponto em que concordassem. Zelensky alertou Scholz para os riscos de quebrar o isolamento de Putin.

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FILE PHOTO: Russian President Vladimir Putin and German Chancellor Olaf Scholz attend a joint news conference in Moscow, Russia February 15, 2022. Sputnik/Sergey Guneev/Kremlin via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY./File Photo SPUTNIK / VIA REUTERS
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O chanceler alemão Olaf Scholz pediu ao Presidente russo Vladimir Putin para negociar com a Ucrânia "uma paz justa e duradoura" naquele que é o primeiro telefonema entre os dois líderes em quase dois anos. O telefonema entre os dois líderes foi criticado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que considerou que se está a "abrir uma caixa de Pandora".

O telefonema, que terá durado cerca de uma hora, foi realizado esta tarde, segundo um comunicado emitido pelo porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebbestreit, no qual se lê que Scholz "condenou a guerra de agressão russa contra a Ucrânia", escalada depois da invasão russa em Fevereiro de 2022, e "exortou o Presidente Putin a pôr-lhe termo e a retirar as tropas", um dia depois de o representante russo na ONU ter admitido uma abertura do país a negociações de paz com a Ucrânia.

"O chanceler apelou à disponibilidade da Rússia para negociar com a Ucrânia com o objectivo de alcançar uma paz justa e duradoura e sublinhou a determinação inabalável da Alemanha em manter a Ucrânia no processo de paz", lê-se no comunicado, que disse ainda que, antes e depois de telefonar a Putin, Olaf Scholz falou também ao telefone com Volodymyr Zelensky.

No comunicado emitido pelo Kremlin sobre o telefonema entre Scholz e Putin, lê-se que, para a Rússia, "os eventuais acordos devem ter em conta os interesses da Federação Russa em matéria de segurança, basear-se nas novas realidades territoriais e, acima de tudo, abordar as causas profundas do conflito", pondo de lado qualquer tipo de cessão territorial, um dos pontos-chave que bloqueiam quaisquer negociações de paz entre Moscovo e Kiev.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou também o telefonema entre os dois líderes, mas ressalva que não chegaram a nenhum ponto de concórdia sobre a guerra na Ucrânia.

"Houve discussões bastante pormenorizadas, em primeiro lugar sobre o tema ucraniano, discussões francas... Mas, evidentemente, não podemos falar de uma coincidência de opiniões​", disse o porta-voz, citado pela Reuters.

Zelensky diz que se abriu "uma caixa de Pandora".

Para Zelensky, a chamada entre os líderes alemão e russo "abre uma caixa de Pandora" face a uma quebra do isolamento que a Ucrânia quer impor à Rússia e a Putin.

"Pode haver agora outras conversas e telefonemas. Apenas muitas palavras. E isto é exactamente o que Putin procura há muito tempo. É fundamental para ele enfraquecer o seu isolamento, bem como o isolamento da Rússia, e manter meras conversações que não levarão a lado nenhum. Há décadas que ele faz isto", afirmou Zelensky na sua comunicação habitual na rede social X.

Para Zelensky, a manutenção de relações com a Rússia "permitiu que a Rússia evitasse fazer quaisquer alterações às suas políticas, não fazendo efectivamente nada, o que acabou por conduzir a esta guerra", sublinhando que "não haverá um 'Minsk-3' referência aos dois acordos na capital bielorrussa para aliviar a guerra depois de 2014" –, e o líder ucraniano apelou a "uma paz verdadeira", algo que, segundo o próprio disse ao jornal ucraniano Suspilne, será mais fácil com a reeleição de Donald Trump para a Presidência dos EUA.

"Uma paz justa é muito importante para nós, para que não haja a sensação de que perdemos o melhor por causa da injustiça que nos foi imposta. A guerra vai acabar, mas não há uma data exacta. Certamente que, com as políticas desta equipa que vai agora liderar a Casa Branca, a guerra acabará mais depressa. Esta é a sua abordagem, a sua promessa à sociedade, e é também muito importante para eles", afirmou o Presidente ucraniano ao Suspilne nesta sexta-feira, tendo contado ainda que Trump ouviu a posição dos ucranianos e que Zelensky não ouvira nada de Trump que fosse contra a posição deles.

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