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Pais temem degradação das aprendizagens dos alunos com sucessivas greves nas escolas

Confederação Nacional das Associações de Pais receia que o facto de os alunos estarem a perder várias horas de aulas por semana, devido a greves, agrave ainda mais as desigualdades entre eles.

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Esta sexta-feira realiza-se mais uma greve dos profissionais da educação, convocada pelo Stop Adriano Miranda/Arquivo
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As sucessivas greves do pessoal não-docente, que, em muitos casos, culminam no encerramento das escolas, estão a preocupar os encarregados de educação. Por um lado, realçam a perda de aprendizagens dos alunos, e, por outro, o impacto que isso provoca nas suas vidas, já em que muitos casos são obrigados a faltar aos seus empregos para ficar em casa com os filhos. Esta situação levou já um grupo de 300 encarregados de educação do Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, a escrever uma carta aberta, na qual pedem ao Ministério da Educação e ao município que avaliem a situação dos profissionais não-docentes.

Pelas contas deste grupo de pais, a greve nacional de profissionais da educação, convocada para esta sexta-feira pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação​ (Stop), é a sétima deste o início do ano lectivo. Poderá, tal como outras, afectar o normal funcionamento da escola, o que “intensifica a preocupação dos pais, que vêem nas sucessivas paragens lectivas uma clara demonstração dos problemas estruturais que afectam o sistema educativo”.

Na missiva, que é dirigida ao ministro da Educação, Fernando Alexandre, ao presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, assim como à vereadora da Educação, Sofia Athayde, e ainda ao presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, Fernando Braamcamp, pedem esclarecimentos sobre que medidas planeiam tomar para resolver a falta de pessoal não-docente no agrupamento, apelando à valorização dos profissionais não-docentes e à melhoria das suas condições de trabalho.

“O número insuficiente de pessoal não-docente não só leva ao desgaste dos existentes, a situações incomportáveis no caso de doença ou ausência de alguém, mas também a relatos de aumento de bullying ou de falta de supervisão nos recreios e espaços comuns das várias escolas. Perde a qualidade de ensino, perdem os alunos e perde a comunidade”, alertam na missiva enviada.

À Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) têm também chegado relatos de outros pais preocupados com as sucessivas interrupções lectivas. “Tenho colegas que reportam que todas as semanas há greves. Algumas escolas estão a fechar muitas vezes por falta de um assistente operacional. Basta um assistente operacional faltar no dia de uma greve — não sabemos se por estar em greve ou se ficou doente, por exemplo — para não poder ser substituído e a escola fechar”, nota a presidente da confederação, Mariana Carvalho.

Por isso, reitera a necessidade de revisão da portaria dos rácios para que sejam ajustados às reais necessidades das escolas. “Basta ter dois ou três trabalhadores de baixa, que estão contabilizados para o rácio mas que não estão na escola, para se fechar uma escola.”

A Confap teme que as sucessivas paragens nas aulas degradem ainda mais as aprendizagens dos estudantes e agravem ainda mais as desigualdades entre eles. “Estes alunos vão passar pelos mesmos exames, pelos mesmos testes. Aqueles cujas famílias conseguem ter orçamento para pagar explicações poderão não ser afectados, enquanto aqueles que são continuamente os mais desfavorecidos vão ficar sem aulas.”

Mariana Carvalho realça, por isso, a "necessidade urgente" de a tutela olhar para a carreira dos assistentes operacionais, sublinhando ainda que devem ter formação específica. “O assistente operacional pode ser um tarefeiro de limpeza, pode ser uma pessoa que dá apoio à cantina, uma cozinheira, estar a fazer serviço de portaria ou a tratar de crianças com necessidades educativas especiais. Enquanto presidente da Confap, é o terceiro ano consecutivo em que falo sobre os assistentes operacionais e que defendo que devemos olhar mesmo para esta carreira com muita atenção e tomar aqui algumas decisões estratégicas e fundamentais para as escolas.” com Daniela Carmo

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