Dona da Visão apresenta plano de insolvência e convoca credores para recuperação

Administração diz que é “inimaginável conceber a comunicação social em Portugal sem a presença fundamental das revistas” do grupo.

Foto
Redacção da Visão Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
03:53

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A administração da Trust In News (TIN) anunciou hoje a sua "intenção de apresentar um plano de insolvência", requerendo já a convocação de uma assembleia de credores para apresentação e fundamentação de um plano de recuperação.

A informação consta de um comunicado da administração do grupo de media que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, a que a Lusa teve acesso.

"Na sequência da reprovação do PER [Processo Especial de Revitalização], a TIN vai comunicar formalmente ao AJP [administrador judicial provisório] que nada tem a opor ao parecer de insolvência que venha a sugerir, na convicção de que a empresa continua a operar, e manifestando, desde já, a sua intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo-se, desde logo, a convocação de uma Assembleia de Credores para apresentação e fundamentação do plano de recuperação da empresa", lê-se na mensagem enviada aos trabalhadores.

A administração, liderada por Luís Delgado, refere que "a Trust In News sempre acreditou que o caminho da sua reestruturação e viabilização seria o mais consistente e positivo para todos os credores" e para os seus colaboradores, "que sempre contribuíram para uma comunicação social livre, independente e isenta, cumprindo com rigor os seus desígnios constitucionais".

Mas, "lamentavelmente, e malogrados todos os nossos esforços no sentido de manter e estabilizar a nossa actividade, cuja reestruturação está em curso e a produzir efeitos positivos, chegamos ao momento onde somos forçados a assumir o próximo passo", lamenta a administração.

"Os 16 órgãos de comunicação social da TIN cobrem todos os tipos de leitores, em géneros, faixas etárias e classes sociais, têm uma relevância expressiva no mercado da comunicação social de papel e digital, mais de 20%, (dados da APCT), não só por todo o histórico, como pelo serviço de qualidade de informação que têm prestado ao longo destes sete anos", prossegue a administração.

Por isso, é "inimaginável conceber a comunicação social em Portugal sem a presença fundamental das revistas da TIN, que cumprem o seu dever constitucional de informar com rigor, qualidade e pluralidade. A obrigação de informar e ser informado é um princípio básico da nossa democracia e soberania nacional", enfatiza a administração da TIN.

"Entendemos, por isso, que uma insolvência cega e que determine a simples dissolução e liquidação da Trust In News irá deixar a comunicação social nacional mais pobre, e desprotegerá todos os colaboradores e credores, incluindo o próprio Estado", considera.

A administração esclarece também que, "na comunicação ao AJP, a TIN também esclareceu as dívidas ao Estado, com base em dados reais, de 2018 a 2024, para clarificar a narrativa distorcida que tem circulado sobre este assunto", agradecendo a todos "pelo trabalho e dedicação, apesar de tudo o que está a acontecer".

O PER da Trust in News foi reprovado em 5 de Novembro, com os votos da Autoridade Tributária (AT) e da Segurança Social, depois da administração ter informado os trabalhadores de que tal iria acontecer.

"O plano da devedora", a TIN, "encontra-se reprovado", lê-se na informação enviada ao tribunal pelo administrador judicial provisório, em 5 de Novembro, que detalha que o 'chumbo' resultou dos votos dos "credores cujos créditos correspondem a 61,16% do total dos créditos reconhecidos, correspondendo a 68,03% dos votos emitidos (apurando-se a abstenção em 10,10% do total)".

Os créditos reconhecidos ascendiam a quase 33 milhões de euros (32.940.709,87 euros) e votaram contra cerca de 20 milhões de euros (20.148.007,16 euros).

Entre os credores que votaram contra o plano de revitalização estão a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), com um total de créditos reconhecidos de 8.125.545,20 euros, e o Instituto da Segurança Social (ISS), com 8.979.252,35 euros.