À espera de Trump, Starmer e Macron reiteram apoio “inabalável” à Ucrânia

Convidado pelo Presidente francês, líder trabalhista britânico foi o primeiro primeiro-ministro do Reino Unido, desde Churchill, em 1944, a participar nas comemorações do Dia do Armistício em Paris.

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Emmanuel Macron, Presidente de França, e Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, reuniram-se e desfilaram em Paris LUDOVIC MARIN / VIA REUTERS
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Emmanuel Macron, Presidente francês, e Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, participaram nesta segunda-feira nas comemorações do Dia do Armistício em Paris e reiteraram o apoio “inabalável” dos governos de França e do Reino Unido às Forças Armadas da Ucrânia, na luta contra a invasão do país pela Federação Russa.

O convite de Macron ao chefe do Governo britânico e a presença deste último na capital de França são mais uma tentativa da liderança política europeia de mostrar a Kiev e ao mundo que, apesar da vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, o Ocidente e, particularmente, a NATO se mantêm firmes ao lado da Ucrânia e do Presidente Volodymyr Zelensky.

“Os dois dirigentes reafirmaram o seu compromisso numa estreita colaboração, sublinhando a sua determinação em apoiar a Ucrânia de forma inabalável e durante o tempo que for necessário para travar a guerra de agressão russa”, lê-se no comunicado publicado pelo Palácio do Eliseu.

Segundo um porta-voz do executivo britânico, Macron e Starmer discutiram “a melhor forma de pôr a Ucrânia na posição mais forte possível para iniciar o Inverno”.

Com a visita a Paris, que também serviu para assinalar o 120.º aniversário da Entente Cordiale — uma série de acordos assinados entre Reino Unido e França em 1904, que marcou o início de uma forte aliança —​ Starmer tornou-se o primeiro chefe de um Governo britânico em 80 anos a participar numa cerimónia na capital francesa dedicada ao dia que marcou o fim da I Guerra Mundial (1918); o último tinha sido Winston Churchill, em 1918.

“Na sequência das mensagens transmitidas na cimeira da Comunidade Política Europeia, na Hungria, o Presidente da República sublinhou a necessidade de fazer valer os interesses e as responsabilidades próprias da Europa em matéria de segurança e de defesa”, refere ainda o comunicado francês.

Durante a campanha nos EUA, Donald Trump chegou a dizer que autorizaria a Rússia a atacar os aliados da NATO que não investissem o suficiente na sua própria defesa.

Crítico do apoio militar e financeiro da NATO à Ucrânia e apreciador de algumas características políticas de Vladimir Putin, Presidente russo, que já elogiou publicamente várias vezes e com quem diz ter “uma relação muito boa”, Trump prometeu acabar com o conflito na Ucrânia pouco tempo depois de chegar à Casa Branca.

Apesar de não o dizerem publicamente, principalmente desde que o ex-Presidente republicano derrotou Kamala Harris na eleição norte-americana, na semana passada, Kiev e muitos seus aliados europeus temem a retirada do apoio à Ucrânia e/ou a defesa de cedência de território à Rússia.

“Perante a especulação sobre as posições ou iniciativas da nova Administração dos EUA, penso que não devemos fazer juízos prévios e que lhe temos de dar tempo”, pediu, ainda assim, nesta segunda-feira, Jean-Noel Barrot, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, citado pela Reuters.

“O Presidente Trump tem toda a razão ao advertir Putin contra uma escalada na Ucrânia”, afirmou, na mesma linha, John Healey, ministro da Defesa do Reino Unido, em declarações à BBC.

Healey referia-se a um alegado telefonema entre Trump e Putin, noticiado pelo Washington Post no fim-de-semana, no qual o Presidente eleito dos EUA teria alertado o chefe de Estado russo contra o escalar do conflito na Ucrânia, mas o Kremlin assegurou esta segunda-feira que o telefonema não ocorreu. “É pura ficção, é uma informação falsa”, disse o porta-voz Dmitri Peskov.

Segundo a presidência francesa e o Governo britânico, Keir Starmer e Emmanuel Macron também prometeram reforçar a cooperação para “travar os gangs contrabandistas” que operam no canal da Mancha e a “imigração ilegal” e discutiram a situação na Faixa de Gaza, no Líbano e na Cisjordânia.

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