Marcelo escusa-se a comentar caso do navio acusado de transportar armas para Israel

“Com mais informação, logo verei se há ou não razão para me pronunciar”, afirmou o chefe de Estado. “Poderei estar ou não preocupado, conforme a matéria que apurar”.

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"Já ouvi várias versões, mas não me vou pronunciar sobre uma matéria que é muito específica, muito sensível", diz o Presidente da República FILIPE AMORIM / LUSA
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escusou-se, no sábado à noite, a comentar o atracamento em Lisboa de um navio que alegadamente transporta material militar norte-americano para Israel, por não ter informação suficiente sobre o caso.

"Com mais informação, logo verei se há ou não razão para me pronunciar", respondeu o chefe de Estado, após ser questionado pelos jornalistas sobre o caso, em Vila Viçosa, no distrito de Évora.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no final de um concerto integrado nas celebrações do dia do Estado Maior General das Forças Armadas e do seu patrono, que se realizam nesta vila alentejana, explicou que não teve oportunidade de falar ainda com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre o caso.

"Já ouvi várias versões, mas não me vou pronunciar sobre uma matéria que é muito específica, muito sensível, num momento sensível sobre um tema sensível que diz respeito ao conflito em curso no Médio Oriente", salientou.

Questionado sobre se está preocupado, o Presidente da República afirmou: "Poderei estar ou não preocupado, conforme a matéria que apurar".

Várias organizações apelaram ao Governo português para que revogasse a autorização da atracagem do navio Nysted MAERSK e proíba o trânsito em mar português de navios que transportem armas para Israel.

A denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que afirma que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras. Segundo o BDS, o Governo espanhol terá proibido a utilização daquele porto e, por isso, a solução alternativa passou a ser Portugal.

O Bloco de Esquerda também alertou para um possível envolvimento do porta-contentores num "esquema ilegal de abastecimento de armas" a Israel, questionando o Governo sobre a autorização dada para atracar.

Confrontado com estas acusações, o Ministério das Infra-estruturas e Habitação disse que não iria proibir a entrada do navio no porto de Lisboa, tendo em conta as informações que tinha obtido através do manifesto de carga e das declarações prestadas pelo armador e outras autoridades.

Segundo o ministério, o navio pediu autorização para atracar em Lisboa para descarregar 144 contentores, que incluem automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos eléctricos, cabos de fibra ótica e diversos metais (lingotes de cobre, granalha de ferro, ligas à base de cobre-zinco).

"Este navio prevê partir na manhã de amanhã [domingo], 10 de Novembro, sem efectuar qualquer carga. Em resposta a pedido de esclarecimento, foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", adiantou o Governo.

O ministério garantiu ainda que não há "nenhum contentor com destino a Israel" e que, entre a carga que transporta e que não será descarregada em Portugal, estão "três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA".