Como funciona a linha 112? Como são transferidas as chamadas para os CODU?

INEM sofreu constrangimentos no atendimento de chamadas com a greve, que terminou na quinta-feira. São pelo menos sete os casos de óbitos relatados na sequência de falhas nas ligações para o 112.

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Pelo menos sete pessoas morreram na sequência de alegadas falhas ou erros nas ligações para a linha 112 Nuno Ferreira Santos
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O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sofreu constrangimentos no atendimento de chamadas com a greve às horas extraordinárias dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que terminou na quinta-feira. São pelo menos sete os casos de óbitos relatados na sequência de alegadas falhas ou erros nas ligações para o número de emergência médica.

Eis algumas perguntas e respostas sobre o funcionamento da linha 112:

O que é a linha 112?

O 112 é o número europeu de emergência. É a primeira linha de atendimento em qualquer situação de emergência, seja de saúde, incêndio, segurança ou protecção de pessoas e bens.

Como são processadas as chamadas para a linha 112?

As chamadas são atendidas por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) nas centrais de emergência. São gratuitas e estão acessíveis a partir de qualquer ponto do país a qualquer hora. O serviço 112 é coordenado pela PSP e chamadas reencaminhadas de acordo com a situação de emergência.

Quanto tempo demora o 112 a atender uma chamada?

Segundo a PSP, o tempo médio é de seis segundos em situações normais.

Como chegam ao INEM?

Em caso de emergência de saúde, o 112 canaliza as chamadas para os CODU. Depois é feita uma triagem e os operadores do CODU envolvido indicam a melhor forma de proceder, enviando – se necessário – os meios de socorro adequados.

Actualmente, os CODU contam com os meios necessários para o atendimento?

Não. Na terça-feira, o presidente do INEM, Sérgio Janeiro, reconheceu que os quatro CODU - Lisboa, Porto, Coimbra e Faro - estão “a trabalhar abaixo dos mínimos”, avançando que seriam necessários cerca de 80 profissionais para o atendimento. Os CODU contam em média com cerca de 45 profissionais.

Onde ocorreram os sete óbitos?

A 31 de Outubro, em Vendas Novas, no distrito de Évora, um homem de 73 anos sentiu-se mal quando estava numa pastelaria e entrou em paragem cardiorrespiratória, acabando por morrer no local, indicou à Lusa fonte da corporação local dos bombeiros, explicando que o quartel recebeu um telefonema de um popular a alertar para a situação.

A 3 de Novembro, o Governo pediu uma auditoria interna ao INEM para avaliar as condições em que ocorreram duas mortes que tinham sido denunciadas pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).

Um dos casos apontados pelo STEPH, ocorrido na freguesia de Molelos, Tondela, foi o de uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca, em que um familiar conseguiu ligar para a linha 112 às 9h34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10h19, cerca de 45 minutos depois. A mulher ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito, em data que não foi especificada.

O outro caso ocorreu em 31 de Outubro em Bragança, quando a mulher de um homem em paragem cardíaca esteve mais de uma hora a tentar ligar para o 112.

A 4 de Novembro morreu um idoso de 95 anos em Ansião, distrito de Leiria, após esperar por atendimento pela linha 112, tendo sido um vizinho a deslocar-se aos bombeiros para pedir ajuda, disse o comandante da corporação local.

Conhecido a 6 de Novembro, mas ocorrido três dias antes, foi o caso de uma idosa utente de um lar em Castelo de Vide que morreu devido a paragem cardiorrespiratória, após cerca de hora e meia de espera por socorro, disse o presidente da instituição.

A 7 de Novembro, o Ministério Público anunciou que abriu um inquérito à morte de uma mulher no Hospital Garcia de Orta, em Almada, para onde foi transportada no dia 4 pela PSP, após o INEM não responder ao pedido de socorro.

O INEM confirmou, também no dia 7, que houve uma chamada não atendida pelo CODU para assistência a um homem que acabou por morrer também a 4 de Novembro em Vila Nova de Cacela, no Algarve. Tanto o Ministério Público como a Inspecção Geral das Actividades de Saúde (IGAS) estão a investigar as mortes que ocorreram alegadamente por atrasos na resposta de emergência.