Trump pode vencer. Nós não nos podemos surpreender
Só Donald Trump apostou a sério nos temas económicos, área em que tem um programa reconhecível. Provavelmente errado, mas reconhecível.
Andei esse dia de Setembro com a sensação de que tinha sido apanhado no lado errado da recomendação de Kafka, que num sanatório alpino registara uma vez no seu diário: “Na luta que opõe o indivíduo ao mundo, apostem sempre no mundo.” Tinha passado a madrugada anterior a assistir ao debate entre Kamala Harris e Donald Trump, e depois a cumprir a promessa inconscientemente feita ao PÚBLICO de que ao nascer do sol haveria uma análise do dito para ser colocada online. Na letargia da quase directa, fui ao longo do dia verificando que a minha opinião sobre o resultado do confronto ia ao arrepio de quase todas as outras opiniões, que em geral atribuíam a Harris uma vitória retumbante. Não é que eu tenha uma especial apetência por unanimidades, ou que despreze a originalidade de pensamento, mas o contraste parecia indiciar que talvez a urgência nocturna da escrita me tivesse tolhido o raciocínio.
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