Prisão preventiva para homem suspeito de ter incendiado 10 carros em Benfica

Na noite de sábado para domingo já tinham sido incendiados 11 veículos ligeiros e três motociclos, num caso que obrigou a um reforço do policiamento na zona.

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Carros e motas incendiadas em Benfica, no fim-de-semana Nuno Ferreira Santos
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Uma pessoa foi detida na madrugada desta quarta-feira em Benfica, Lisboa, depois de cerca de 10 viaturas terem sido incendiadas em três ruas da freguesia, disseram à Lusa fontes da PSP e dos Sapadores Bombeiros. Segundo a PSP, a detenção ocorreu cerca das duas da manhã. Fonte da Junta de Freguesia confirmou que três carros foram incendiados na Estrada de Benfica, dois na Rua Barroso Lopes e um na Rua Julião Quintinha, próximo do Centro Comercial Fonte Nova.

Fonte policial disse à Lusa que o homem ficou em prisão preventiva por ordem judicial. Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a PSP referiu que o homem, de 44 anos, foi detido em flagrante delito, tendo-lhe sido "apreendido diverso material suspeito de ter sido utilizado na deflagração dos referidos focos de incêndio".

"Os polícias empenhados fizeram uso dos extintores presentes nos carros de patrulha, para, em conjunto com o Regimento de Sapadores de Bombeiros, combater os focos de incêndio", adianta a PSP

Sobre os incidentes, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apelou à serenidade, considerando que deve haver tolerância zero para com estes crimes, além de reforço policial em toda a cidade. "Eu tenho vindo a pedir aos vários ministros da Administração Interna mais PSP. Em Lisboa, a PSP não tem o número de polícias que deveria ter. Lisboa, em 2010, tinha 8.000 [agentes da] PSP. Hoje tem 6.700. Ou seja, numa cidade completamente diferente de 2010, Lisboa tem menos polícia. Não pode ser. Temos de ter mais Polícia de Segurança Pública e temos também de ter mais Polícia Municipal. E a Polícia Municipal tem de reforçar as suas competências, que é aquilo que eu sempre defendi", afirmou, em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa sobre preparar a cidade para grandes emergências, como sismos ou tsunamis.

Estes actos de vandalismo em Benfica ocorreram depois de na noite de sábado para domingo terem igualmente sido incendiados na freguesia 11 veículos ligeiros e três motociclos, num caso que obrigou a um reforço do policiamento na zona. No fim-de-semana, além dos veículos incendiados foram vandalizados em Benfica dois edifícios, uma loja, mobiliário urbano e caixotes do lixo.

Esta quarta-feira, a Junta de Freguesia de Benfica repudiou os "actos de vandalismo" registados durante a madrugada, mas ressalvou que os acontecimentos não reflectem a realidade de segurança que sempre caracterizou este bairro de Lisboa.

"Esta onda de vandalismo, embora preocupante, não reflecte a realidade de segurança que sempre caracterizou Benfica. É nossa convicção que os actos ocorridos nesta última madrugada não estão relacionados com os da madrugada do passado sábado, considerando que foram em tudo diferentes, quer na forma, quer nos engenhos utilizados, quer no "modus operandi"", lê-se numa mensagem divulgada nas redes sociais da Junta de Freguesia.

Na nota, a Junta de Freguesia de Benfica expressa "o seu lamento profundo e o seu repúdio pelos actos de vandalismo" ocorridos e garante estar "em estreito contacto com as autoridades policiais e judiciais para investigar as causas e assegurar que incidentes como este não se repitam, e também de modo a reforçar a segurança e a promover um ambiente mais tranquilo" na comunidade.

A Junta de Benfica, presidida por Ricardo Marques, adianta ainda que, após os acontecimentos de sábado, solicitou com carácter de urgência uma reunião com a ministra da Administração Interna, para abordar os incidentes registados, bem como "a possibilidade de poderem ser encontradas formas de ressarcir" os fregueses pelos "graves prejuízos sofridos".

Contudo, é acrescentado, até agora, a autarquia não recebeu "qualquer resposta a este pedido"

Na semana passada foram registados vários incidentes e tumultos, especialmente durante a noite, na Área Metropolitana de Lisboa, na sequência da morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de dia 21 de Outubro. A Inspecção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Texto e título actualizados às 22h47 com informação da medida de coacção e a tomada de posição da Junta de Benfica