Israel ataca alvos militares no Irão em resposta à ofensiva de 1 de Outubro

Aviação israelita visou alvos militares em Teerão, Karaj e Shiraz. Centrais nucleares e instalações petrolíferas foram poupadas. Autoridades iranianas alegam ter interceptado o ataque.

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Vista panorâmica de Teerão, a capital iraniana, na madrugada deste sábado ABEDIN TAHERKENAREH / EPA
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Três semanas depois do ataque iraniano com mais de 180 mísseis balísticos, em retaliação pelo assassinato do líder do Hezbollah Hassan Nasrallah, Israel respondeu esta madrugada com o bombardeamento de alvos militares na capital iraniana, Teerão, na cidade vizinha de Karaj, e em Shiraz, no Sul do país. A ofensiva visou sobretudo a cadeia de produção iraniana de mísseis e de drones.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) anunciaram, na manhã deste sábado, que a operação de retaliação chegou ao fim. Foram atingidos pontos estratégicos que as forças israelitas consideravam ameaças, deixando-se um novo aviso ao Irão.

"Se o regime iraniano fizer o erro de começar uma nova escalada, vamos ser obrigados a responder. A nossa mensagem é clara: todos os que ameaçam o Estado israelita e pretendam esta escalada [no conflito] vão pagar caro", afirmou o porta-voz do exército, o contra-almirante Daniel Hagari.

Não era clara, durante a madrugada, a extensão dos eventuais danos do ataque. A televisão estatal iraniana Press TV confirma que foram ouvidas várias explosões na capital, mas que terão resultado da intercepção do ataque israelita pelos sistemas de defesa anti-míssil iranianos. "Foi um som muito alto e o céu ficou vermelho", disse um residente em Teerão, que não quis ser identificado, citado pela agência Reuters.​

Já durante a manhã, fontes oficiais iranianas garantiram que os ataques tiveram um impacto "limitado", sendo avançada a informação de que a maioria dos mísseis israelitas foram neutralizados pelos sistemas de defesa. Os voos no país foram retomados às 9h locais (6h30 em Portugal continental).

De fora dos alvos da ofensiva israelita ficaram centrais nucleares ou estruturas petrolíferas iranianas, de acordo com as televisões norte-americanas ABC News e NBC News - de resto, uma exigência dos Estados Unidos, que manifestaram o receio de um agravamento da actual crise no Médio Oriente. A operação desta noite, acrescenta o primeiro canal, também será limitada no tempo, devendo ficar concluída no espaço de horas.

De acordo com o site noticioso israelita Walla, mais de 100 aeronaves participaram no ataque, incluindo caças F-35, e a acção terá sido lançada através do espaço aéreo da Síria e do Norte do Iraque. Tanto o Iraque como o Irão encerraram os seus espaços aéreos à aviação civil.

Em simultâneo, terão sido bombardeados alvos em Gaza e na Síria, com a agência noticiosa estatal síria SANA a relatar explosões em Damasco e no Sul do país, bem como a intercepção de mísseis sobre os Montes Golã.

Em Telavive, o gabinete do primeiro-ministro israelita divulgou uma imagem de Benjamin Netanyahu no quartel-general das IDF, reunido com o ministro da Defesa Yoav Gallant e outros oficiais militares, a coordenar a ofensiva.

De acordo com o site Axios, a Casa Branca foi informada por Israel acerca da operação militar “com horas de antecedência”. O Pentágono, por sua vez, esclarece que as forças norte-americanas não participaram no ataque desta noite. Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, afirmou, citado pela France Presse (AFP), que os ataques são “um exercício de autodefesa". A vice-presidente norte-americana e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, também foi informada do ataque e estará a acompanhar a evolução dos acontecimentos, avança a Reuters.

O ataque foi lançado à mesma hora que Antony Blinken, o chefe da diplomacia norte-americana, aterrava em Washington depois de um périplo pelo Médio Oriente que também visou convencer Israel a exercer contenção na sua esperada resposta ao Irão, nota o New York Times.

Israel planeava um acto de retaliação desde a ofensiva iraniana de 1 de Outubro, o segundo ataque directo de Teerão a Israel em seis meses. Na altura, Benjamin Netanyahu declarara que o ataque iraniano tinha sido "um grande erro" e prometera que o Irão iria "pagar" pela acção. A ofensiva israelita desta madrugada terá acontecido, de resto, com alguns dias de atraso devido a constrangimentos meteorológicos, indica a imprensa hebraica.

Notícia actualizada às 8h: acrescentada comunicação do exército e resposta iraniana

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