Amadeu Guerra diz que veria com agrado continuação de Luís Neves como director da PJ

Amadeu Guerra elogiou o actual director nacional da PJ, com quem disse já ter trabalhado, por ser “uma pessoa dinâmica”. Mas ressalvou que esta é uma escolha que tem de sre feita pelo Governo.

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O novo procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, com o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, na cerimónia de inauguração do Laboratório Digital Forense da PJ ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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O Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, disse esta terça-feira que veria com agrado a recondução de Luís Neves como director nacional da Polícia Judiciária (PJ), mas argumentou que essa é uma escolha que cabe ao Governo.

Questionado pelos jornalistas, em Évora, sobre a disponibilidade manifestada por Luís Neves para continuar no cargo, o recém-empossado PGR elogiou o actual director nacional da PJ, com quem disse já ter trabalhado.

"Acho que é uma pessoa dinâmica. Se for essa a escolha do Governo, por mim está tudo bem, não sou eu que escolho", frisou.

Sobre este tema da liderança da PJ, se não for Luís Neves a continuar, que seja alguém com "um perfil parecido com o dele", admitiu Amadeu Guerra, embora manifestando agrado caso o actual director continue: "Agradar-me-ia, porque também não vejo outra pessoa, também não conheço as pessoas da Polícia Judiciária".

Luís Neves "é uma pessoa respeitada, inteligente, com provas dadas no âmbito da actividade profissional que tem", realçou o recém-empossado procurador-geral, que sucedeu no passado dia 12 a Lucília Gago.

"E, portanto, penso que é pessoa eventualmente para se manter", sublinhou, embora voltando a referir que essa escolha cabe ao executivo liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro: "Quem decide isso é o Governo".

Amadeu Guerra falava aos jornalistas no Tribunal da Relação, no final da cerimónia de posse do novo procurador-geral Regional de Évora, José Carlos Ribeiro da Cruz Laia Franco.

Questionado também sobre se esta decisão acerca do director nacional da PJ não deveria já ter sido tomada pelo Governo, o novo PGR disse que não lhe cabe "criticar o senhor primeiro-ministro".

"Ele [Luís Montenegro] terá as suas razões. Eu admito como possível que ele queira, relativamente a algumas estruturas que estão ligadas com a procuradoria-geral, que o procurador-geral primeiro tome posse".

"E depois, que sejam escolhidas essas pessoas nos sítios onde faltam ainda e que estão relacionados com a actividade investigatória", acrescentou.

Amadeu Guerra voltou a dizer que uma das prioridades para o seu mandato é o combate à criminalidade económico-financeira e revelou que pretende constituir equipas de magistrados dedicadas à recuperação de activos.

"Já pedi que me fosse feita uma abordagem da criação de grupos de magistrados no DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal] e em cada DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] regional que façam a recuperação de activos", adiantou.

Estas equipas, salientou o novo procurador-geral, dedicar-se-iam "quase exclusivamente" a esta área e contariam com "a ajuda do GRA [Gabinete de Recuperação de Ativos] da Polícia Judiciária (PJ)" na investigação dos casos.

Segundo Amadeu Guerra, o objectivo destes grupos de magistrados é que "façam rapidamente a investigação dos bens existentes relativamente às pessoas que praticaram crimes e, depois, a apreensão dos bens em tempo oportuno".

"Estou à espera que esse quadro seja feito porque há necessidade de formação específica para os magistrados nessas áreas", frisou, aos jornalistas, o PGR.

O procurador-geral da República indicou que também quer "ter equipas multidisciplinares" formadas por magistrados do Ministério Público e elementos da PJ para, por exemplo, investigarem casos com vertentes criminal e administrativa.

Já consultou processo Influencer

"Cada um trabalha na sua especialidade, de forma a chegarmos a resultados muito mais depressa, porque o que nos importa agora é a celebridade", explicou.

Além da criminalidade económico-financeira, enumerou Amadeu Guerra, estão entre as suas prioridades o combate aos crimes de violência doméstica, nomeadamente com homicídio, terrorismo e crime violento.

"Mas isso não significa que não sejam cumpridos os objectivos fixados na lei relativamente às prioridades de investigação", acautelou.

Questionado pelos jornalistas sobre o caso Influencer, que levou à demissão do ex-primeiro-ministro António Costa, o procurador-geral da República escusou-se a falar de processos concretos, limitando-se a dizer que já o consultou.

Amadeu Guerra disse ter-se reunido, na semana passada, com o director do DCIAP, durante a qual foi feito um balanço dos casos, assinalando que pediu "mais alguns elementos relativamente à situação dos processos".

"Eu reunirei com todos, sempre que seja necessário, com os coordenadores de comarca, procuradores gerais regionais", pois o cargo de PGR implica "um trabalho de diálogo importante", acrescentou.

Neves: "Estou disponível para continuar"

Na segunda-feira, no final da cerimónia do 79.º aniversário da PJ, realizada em Lisboa, o director nacional daquele órgão de polícia criminal, que terminou o seu mandato em Junho, disse estar disponível para ser reconduzido no cargo.

"Estou disponível para continuar", declarou Luís Neves aos jornalistas no final dessa cerimónia, considerando que a presença do primeiro-ministro no evento aponta nesse sentido.

Se assim não fosse, "com toda a seriedade, o primeiro-ministro eximia-se de estar aqui hoje connosco", disse, na ocasião, manifestando estar "absolutamente tranquilo"

À entrada para essa cerimónia em Lisboa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegurou que a decisão do Governo sobre o futuro director da PJ já está tomada, mas recusou esclarecer se vai ou não reconduzir Luís Neves no cargo.