Guinga de volta a Portugal para mostrar o seu génio em dois concertos

Em 2023 vimo-lo em Lisboa ao lado da cantora Maria João e agora está de regresso para dois concertos a solo, o primeiro em Mafra, no sábado, e o segundo dia 31 em Oeiras.

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Guinga com o seu violão Manfred Pollert
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Um ano depois de se ter apresentado ao vivo em Portugal num espectáculo com a cantora Maria João, o cantor e compositor brasileiro Guinga está de regresso para dois concertos a solo, o primeiro no próximo sábado, em Mafra, no Auditório Municipal Beatriz Costa, e o segundo no dia 31 em Carnaxide (Oeiras), no Auditório Ruy de Carvalho, ambos às 21h30. Estes concertos fazem parte de uma digressão europeia que desde o início de Outubro já o levou a Estocolmo, Liverpool, Copenhaga, Berlim, Madrid e Maiorca. No dia 23 actua em Valência e, entre os concertos de Mafra e Oeiras, apresentar-se-á em Roma, no dia 28.

“Eu não gosto de fazer show focado só no repertório de um determinado disco, por isso às vezes faço um apanhado dos últimos discos”, diz Guinga ao PÚBLICO. “Gosto de pegar coisas recentes, até coisas inéditas, e juntar com coisas que já toco há muitos anos”. Como o tema com que abre os seus espectáculos: “Eu sou supersticioso. Por isso, sempre abro meus shows com uma valsa para violão chamada Igreja da Penha, que é uma espécie de oração, para mim. Gosto muito de começar meus shows com essa canção, acho que torna os caminhos mais fáceis.” E há outras que, garante, não podem faltar, como Catavento e girassol, parceria com Aldir Blanc; Senhorinha, parceria com Paulo César Pinheiro; Contenda, parceria com Thiago Amud; ou Você você, parceria com Chico Buarque. “E uma música que faço em homenagem a meu pai, e grande amigo, parceria minha comigo mesmo. Ele morreu no dia 4 de Outubro de 1985, mas continua aqui, dentro de mim.”

Nascido Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, no dia 10 de Junho de 1950, no Rio de Janeiro, ganhou o Souza do lado português da família, o Escobar do lado espanhol e Guinga, nome pelo qual é conhecido, deve-se a uma tia que o achava demasiado branco de pele e começou a chamar-lhe gringo. E ele, criança, repetia: “Guinga”. E assim ficou.

O violão, aprendeu a tocá-lo para acompanhar a mãe a cantar. “Ela cantava lindamente, mas nunca consegui ser profissional porque o pai dela era contra, naquela época. Achava feio uma moça de família cantar, coisas do passado, preconceitos de uma cultura antiga. E minha mãe teve essa frustração, de não ter podido ser cantora profissional, apesar de cantar que era uma beleza. Fui directamente influenciado pelo canto da minha mãe. Quando componho, geralmente a melodia sai pensando na minha mãe cantando.” Quando Guinga se estreou em Portugal, em 2010, a mãe dele ainda ia a concertos ouvir o filho cantar. Nessa altura tinha 86 anos. “Morreu com 91, no dia do meu aniversário, 10 de Junho.”

A primeira canção da sua vida, compô-la com 14 anos, mas só começou a gravar aos 41. Formado em odontologia, Guinga exerceu a profissão de dentista, durante anos, com êxito e proveito monetário, até se dedicar em exclusivo à música, deixando o consultório por volta do ano 2000. Simples e Absurdo foi o título do seu primeiro álbum, editado em 1991, a qual seguiram mais de duas dezenas, os mais recentes dos quais foram Zaboio e Japan Tour 2019, este com Mônica Salmaso, Teco Cardoso e Nailor Proveta (ambos de 2021), Farinha do Mesmo Saco, com Cláudio Jorge (2023), Par Constante, com Bebê Kramer, e Julieta no Convés, com Anna Paes (ambos publicados em 2024).

Em 2015, gravara dois discos com Maria João: Porto da Madama, que além de Guinga e Maria João, contava com as cantoras Esperanza Spalding, Maria Pia de Vito e Mônica Salmaso; e Mar Afora, em duo, onde gravaram 14 canções de Guinga, na maioria parcerias com Aldir Blanc. Em 2017, Guinga lançou novo álbum a solo, Canção da Impermanência, e Avenida Atlântica, com o Quarteto Carlos Gomes e em 2018 Passos e Assovio, com Gabriel Mirabassi.

Mas há mais, diz Guinga: “Recentemente, gravei com Milton Nascimento e Esperanza Spalding no disco que eles acabaram de lançar [Milton+Esperanza, Agosto de 2024], tem uma música minha que gravámos juntos; e tenho também um disco com um clarinetista italiano chamado Corrado Giuffredi, que até hoje ainda não saiu mas está gravado. E gravei também um disco em Portugal, com a Orquestra Jazz Matosinhos, uma orquestra maravilhosa, que está esperando uma oportunidade para ser lançado.”

Quem já o ouviu, em disco ou ao vivo, saberá que um concerto de Guinga é sempre um grande acontecimento. No Brasil e fora dele, não lhe têm faltado elogios, do mago da guitarra Paco de Lucía (1947-2014) até Chico Buarque, passando por Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Djavan, Turíbio Santos, Tárik de Sousa ou Ed Motta, entre muitos outros. Sem receio de errar, é possível dizer que Mafra e Oeiras confirmarão a sua justificada fama.

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