Seis soldados russos receberam vistos franceses depois de fugirem da guerra

Segundo o The Guardian, os seis chegaram a França em voos separados ao longo dos últimos seis meses.

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Soldados russos têm desertado para países vizinhos à Rússia SERGEY PIVOVAROV
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Seis soldados russos que fugiram da invasão do país à Ucrânia receberam vistos temporários depois de terem pedido asilo político à França, segundo o jornal britânico The Guardian.

De acordo com o jornal, os seis soldados fugiram com ajuda de uma organização que apoia soldados desertores, a Idite Lesom, fugindo da Rússia para o Cazaquistão, entre 2022 e 2023, tendo chegado em voos separados ao longo dos últimos seis meses a Paris.

"É a primeira vez que um país da UE deixa entrar um grupo de desertores sem documentos de viagem ou passaportes estrangeiros", afirmou ao Guardian Ivan Chuviliaev, porta-voz da organização.

"Quando aterrei em França, foi a primeira vez que consegui respirar fundo. Senti uma sensação de calma e liberdade... o pior já tinha passado", afirmou Alexander, soldado russo que estava destacado na Ucrânia e desertou no Verão de 2023 para o Cazaquistão e que chegou este ano a França.

Alexander conta que nunca se "sentia seguro" no Cazaquistão, sendo obrigado a "manter a cabeça baixa", vivendo sem um cartão SIM ou uma conta bancária devido ao medo de ser raptado e levado de volta para o país, incidentes comuns em países que faziam parte da antiga União Soviética, de acordo com o Guardian.

Em 2022, o agente dos serviços secretos russos, Mikhail Zhilin, foi levado do Cazaquistão, tendo sido condenado por deserção a seis anos e meio de prisão em Março de 2023. Segundo a revista inglesa The Economist, nos primeiros sete meses de 2024, o exército russo acusou mais de 5200 soldados por "se ausentarem sem licença", um número maior do que no ano inteiro de 2023.

"Para alguém que está a pensar em desertar, é crucial imaginar um futuro num país livre, em vez de enfrentar a prisão ou uma existência precária numa nação que faz fronteira com a Rússia, vivendo com medo constante de ser deportado", sublinhou o porta-voz da Go By The Forest.

Para Chuviliaev, o facto de França ter aceitado o asilo dos soldados russos pode enviar um sinal para os outros países ocidentais para poderem aceitar os desertores e afastar os medos sobre estes soldados.

"A decisão da França é o resultado de uma colaboração alargada entre as autoridades francesas e um grupo de organizações de defesa dos direitos humanos", sublinhou o porta-voz da organização, acrescentando que esperam "que isto marque o início da entrada de mais desertores na Europa".

"Compreendemos que haja receios no Ocidente de que alguns possam não ser quem dizem ser", admitiu Chuviliaev, garantindo que cada um dos desertores foi investigado pela sua "posição forte e consistente contra a guerra" antes da autorização para entrar em França.

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