Nuno Rebelo de Sousa mencionado em mensagens em caso de corrupção em Espanha

O Presidente do Zamora perguntou a empresário se o “filho do Presidente de Portugal” podia entrar na expansão de uma gasolineira em 2021. A suspeita de fraude fiscal no negócio ascende a 182 milhões.

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O filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, recusa qualquer envolvimento no negócio espanhol que terá resultado numa fuga milionária ao fisco ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
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Há mais uma polémica a envolver o filho mais velho do Presidente da República português — mas desta vez em Espanha. A Guardia Civil encontrou referências a Nuno Rebelo de Sousa nas mensagens trocadas entre Víctor de Aldama, o presidente do Zamora FC que foi detido por suspeitas de corrupção no âmbito do caso Koldo, e o empresário do sector dos hidrocarbonetos ​Claudio Rivas, que procurava expandir as gasolineiras Villafuel para Portugal.

As mensagens foram descobertas numa perícia ao telemóvel de Víctor de Aldama para investigar um alegado esquema de fraude fiscal no valor de 182 milhões de euros. De acordo com a correspondência encontrada no Signal, datada de Agosto de 2021, e enviada ao Tribunal Central de Instrução n.º2 da Audiência Nacional, Aldama informou o parceiro de negócios que teria “uma conferência com o filho do Presidente de Portugal” às 16h do dia seguinte e que este lhe teria pedido para entrar na expansão da Villafuel no país.​

Claudio Rivas terá respondido não, não”, porque Portugal não se queria envolver no negócio até que a Agip, os italianos, decidisse se iria ou não entrar na empresa. Ok, respondeu Aldama, questionando de seguida: E eu? Tu, sempre, assegurou o empresário.

O caso Koldo diz respeito a uma rede de empresas, quatro delas sediadas em Elvas, através das quais se desviaria e branquearia o dinheiro proveniente dos negócios entre Víctor Aldama, o então ministro do Desenvolvimento e dos Transportes espanhol, José Ábalos, e um ex-assessor do PSOE, Koldo García. As autoridades espanholas acreditam que, em 2021, Ábalos e Koldo recebiam subornos do presidente do Zamora em troca de adjudicações milionárias na compra de equipamentos clínicos durante a pandemia de covid-19.

Dessa investigação eclodiu uma outra, em torno de uma alegada fuga ao fisco, ao longo de dois anos em negócios de hidrocarbonetos. O caso resultou na detenção de 14 pessoas esta semana, incluindo Víctor Aldama e Claudio Rivas. De acordo com o El Confidencial, que avançou com a notícia, as conversas entre ambos sobre Nuno Rebelo de Sousa serão mais uma prova da proximidade entre eles nesta rede.

O nome de Nuno Rebelo de Sousa nunca é mencionado nas mensagens a que o jornal espanhol teve acesso, mas sabe-se que é a ele que Aldama e Rivas se referem, porque Marcelo Rebelo de Sousa tinha sido reeleito havia poucos meses, em Janeiro de 2021, depois de cinco anos no cargo.

Questionado pela Sábado sobre o caso, o filho de Marcelo Rebelo de Sousa recusou qualquer envolvimento no esquema: o assunto é-lhe totalmente estranho” e não conhecerá sequer Víctor Aldama.​ O PÚBLICOU tentou contactar tanto Nuno Rebelo de Sousa, como a Guardia Civil, mas não obteve, para já, qualquer resposta.

Nuno Rebelo de Sousa já está envolvido numa outra polémica acerca da administração, no Serviço Nacional de Saúde português, de um medicamento milionário contra a atrofia muscular espinhal a duas gémeas brasileiras que já estavam a ser tratadas no país de origem e não eram elegíveis para o medicamento em causa no Brasil. O filho do Presidente português terá abordado Belém e membros do Governo para facilitar a entrada das gémeas no sistema português. As suspeitas ainda estão em investigação, com Nuno Rebelo de Sousa a recusar qualquer influência no caso.

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