Leituras
Han Kang, a nova Prémio Nobel da Literatura "pela sua intensa prosa poética"
As novidades do mundo dos livros, numa newsletter de Isabel Coutinho.
Ocorreu um erro. Por favor volta a tentar.
Subscreveu a newsletter Leituras. Veja as outras newsletters que temos para si.
A escritora sul-coreana Han Kang é a Prémio Nobel da Literatura 2024 e tem parte da sua obra já publicada em Portugal pela Dom Quixote. Tem 53 anos e o júri atribuiu-lhe aquele que é o mais prestigiante prémio literário do mundo "pela sua intensa prosa poética, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana", como disse Mats Malm, o secretário permanente da Academia Sueca, no momento em que anunciou o seu nome.
Malm telefonara a Kang pouco tempo antes de falar aos jornalistas para lhe anunciar que era dela o Nobel da Literatura de 2024 e apanhou a escritora no final de um dia rotineiro, a acabar de jantar com o filho, contou. "Não estava preparada para isto", disse Han Kang ao secretário da Academia. Continuar a ler o artigo (assinado por mim e pela Lucinda Canelas).
"O exercício de Han Kang enquanto escritora, neste Atos Humanos e nos restantes três livros até agora publicados em Portugal — A Vegetariana (2016), O Livro Branco (2019) e Lições de Grego (2023) —, também passa por interrogar a linguagem para chegar à violência, ao medo. É crua, poética, contém muitas imagens, e é de uma enorme plasticidade, facto a que não será alheio o interesse de Han Kang em arte, nomeadamente a escultura e a pintura. Ler na íntegra o texto de Isabel Lucas.
Numa entrevista que deu ao PÚBLICO em 2017, quando esteve na Feira do Livro do Porto, Han Kang dizia: "Tive de fazer pesquisa a partir de questões fundamentais sobre humanidade. E porque queria saber mais, pesquisava mais. E não apenas sobre Gwangju. Fiz pesquisa sobre a Bósnia, Auschwitz, os massacres do chamado Novo Mundo. E quanto mais investigava, mais me sentia abalada e mais perdia a minha confiança na espécie humana. Mas tinha de escrever. Foi uma luta." Ler a entrevista na íntegra.
Vários textos sobre Han Kang têm sido publicados ao longo dos anos no PÚBLICO. Estão agrupados aqui.
Katy Hessel veio a Lisboa lançar o seu livro A História de Arte sem Homens. A crítica de artes plásticas Luísa Soares de Oliveira conversou com ela e fez-lhe notar que o seu livro "replica a centralidade económica do mundo ao excluir as periferias da abordagem histórica". No Ípsilon, podem ficar a saber qual foi a resposta da autora.
Os Dias do Ruído: a crítica literária Helena Vasconcelos já leu o novo romance de David Machado.
Intermezzo: a crítica literária Isabel Lucas diz-nos que os fãs de Sally Rooney podem ficar descansados, neste novo romance a irlandesa aperfeiçoa o seu método.
Nas livrarias nesta semana
FICÇÃO
Matarás Um Culpado e Dois Inocentes
Autoria: Rodrigo Guedes de Carvalho
Editora: Dom Quixote
352 págs; 19,90€
Nas livrarias a 8 de Outubro
COMPRAR
Este romance, o décimo do autor de O Pianista de Hotel (2017), pode ser visto como uma sequela de As Cinco Mães de Serafim (2023) — obra que foi semifinalista do Prémio Oceanos 2024 —, e traz um encerramento. "Dizem que a irmã mais velha comunicava com os mortos, a seguinte entendia os loucos, a terceira falava com os animais. E a mais nova passava os dias a ajudar quem precisasse. A tragédia levou-as em Abril de 1974, numa noite em que os lobos uivaram sem parar. Uma delas desaparece e as outras três são encontradas mortas. Durante cinquenta anos, ninguém consegue assegurar se se tratou de suicídio colectivo ou se foram assassinadas. E é quando a pequena localidade de Gondarém prepara uma homenagem às filhas da terra que chegam, finalmente, as respostas. (...) O relato cru de alguém que regressa e não vira a cara ao julgamento."
NÃO-FICÇÃO
O Restaurante dos Pedidos Trocados
Autoria: Shiro Oguni
Tradução: Joana Markus Neves
Editora: Pergaminho
154 págs; 14,40€
Já nas livrarias
COMPRAR
O cineasta e autor deste livro estava em 2012 a almoçar na cantina de um lar para pessoas com demência, pediu um hambúrguer e foram-lhe servidas guiozas. "Ia mandar o prato de volta, quando percebeu que se encontrava num mundo diferente, com vários graus de funcionalidade, incluindo erros que não tinham, realmente, muita importância. Porque não aceitar o prato que lhe serviram, como forma de respeitar as dificuldades vividas por estas pessoas? Esta foi a experiência que deu origem ao Restaurante dos Pedidos Trocados, que funciona em modo pop-up em várias localidades do Japão (e em internacionais), onde 37% dos pedidos podem sair errados, mas 99% dos clientes saem com um sorriso no rosto e uma maior apreciação pela vida", lê-se na contracapa deste livro onde Shiro Oguni nos conta as histórias de alguns dos seus empregados.
A página das saídas de livros Leituras sai na versão impressa do PÚBLICO às terças-feiras e pode ser lida online no Leituras, o site do PÚBLICO dedicado aos livros. Podem aceder a partir daqui.
REPORTAGEM: "A semente de Caruncho, de Layla Martínez, espalhou-se pelas aldeias de Portugal : "Um livro, muitas vezes, não sai de uma livraria, não sai de uma cidade, e não chega a pessoas que muito provavelmente se identificam com ele." Mas desta vez saiu graças ao projecto Sementes de Dissidência da editora Antígona. Acompanhei ao Gerês e a Mértola a escritora espanhola Layla Martínez, autora de Caruncho. Podem ler a reportagem aqui. E também uma entrevista que fiz à autora durante essas viagens e também o texto do crítico literário José Riço Direitinho sobre a nova vaga de literatura espanhola.
ENTREVISTA: O Goncourt Hervé Le Tellier, que recebeu este prémio pelo romance A Anomalia, acaba de publicar em França uma reedição aumentada do seu Contes liquides de Jaime Montestrela, uma das suas obras relacionadas com Portugal. Foi o pretexto para ir recuperar uma entrevista que lhe tinha feito quando esteve no Folio e que nunca tinha saído do gravador. É um dos escritores mais divertidos e inteligentes que já conheci. Ler na íntegra.
No Ípsilon desta semana, sexta-feira nas bancas
Na capa, uma entrevista do jornalista e crítico de cinema Vasco Câmara ao realizador Francis Ford Coppola.
Há também uma conversa com o realizador Pedro Costa, feita pelo crítico de cinema Luís Miguel Oliveira. Ler a entrevista.