Brasileiros pagam mais de 800 euros por garrafa de vinho. “É amor”, diz enólogo

Os brasileiros estão entre os maiores consumidores do Pêra-Manca tinto, cuja safra de 2018 acaba de ser lançada. Para enólogo da Adega Cartuxa, impostos altos no Brasil elitizam o acesso a vinhos.

Foto
Adega Cartuxa lança a nova safra do vinho tinto Pêra-Manca, que, no Brasil, custa mais de 800 a garrafa Vicente Nunes
Ouça este artigo
00:00
02:40

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Os brasileiros estão entre os principais consumidores do vinho tinto Pêra-Manca, produzido pela adega portuguesa Cartuxa e cuja safra de 2018 acaba de ser lançada. Seis mil das 21 mil garrafas já estão no Brasil e a perspectiva é de que o estoque seja zerado, no máximo, até o carnaval de 2025. Segundo Pedro Baptista, enólogo da Cartuxa, cada garrafa está sendo vendida aos consumidores brasileiros a partir de R$ 5 mil (833 euros). A mesma garrafa custa, nas lojas da adega, em Évora, R$ 2,1 mil (350 euros). A culpa por tamanha diferença está nos impostos cobrados pelo governo brasileiro.

“Com certeza, se os tributos fossem menores no Brasil, os vinhos em geral chegariam a um número maior de pessoas”, ressalta Baptista. Mas, independentemente da elevada carga tributária, os brasileiros responderão, neste ano, por 30% do faturamento da Cartuxa, com 7,5 milhões de euros (R$ 45 milhões). “A relação dos brasileiros com o Pêra-Manca tinto e com os demais vinhos da Cartuxa é de amor, pois é duradoura e vem sendo construída ao longo de tempos. Tem a ver, também, com a excelência dos nossos produtos”, complementa. Cinco anos atrás, as receitas da adega no Brasil foram de 3 milhões de euros (R$ 18 milhões). Ou seja, em cinco anos, o faturamento no país mais que dobrou.

Diretora financeira da Cartuxa, Rita Rosado afirma que sete de cada dez pessoas que visitam a Adega Cartuxa em Évora são oriundas do Brasil. “É incrível, pois boa parte dessas visitas já são agendadas no Brasil. O que ouvimos dos brasileiros é que dois lugares são obrigatórios quando visitam Portugal: o Santuário de Fátima e a Adega Cartuxa”, relata. Na loja instalada no ponto de visitação, os brasileiros são os principais consumidores. Eles também garantem presença constante na Enoteca da empresa, onde é possível degustar vinhos com pratos típicos do Alentejo.

Pelos cálculos da Cartuxa, a participação dos brasileiros nas vendas da empresa pode ser maior do que os 30% exportados para o Brasil. É que a adega contabiliza como faturamento em Portugal o que os brasileiros compram em suas lojas e as garrafas que os turistas bebem em restaurantes espalhados pelo território luso. “Não temos dúvidas de que os brasileiros estão entre os nossos maiores consumidores. E, com certeza, as nossas exportações para o Brasil seriam muito maiores não fosse a pesada carga tributária”, frisa. No Brasil, os principais mercados da Cartuxa são, nessa ordem, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Brasília e Bahia.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários