Trabalhadores da RTP do Porto criticam fim de publicidade na estação pública

O Governo apresentou um plano para a comunicação social que prevê o fim da publicidade na RTP. Os trabalhadores da emissora no Porto alertam para “diminuição da competitividade do serviço público”.

Foto
Trabalhadores da RTP do Porto criticam fim de publicidade na estação pública ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
Ouça este artigo
00:00
02:05

A Subcomissão de Trabalhadores do Porto da RTP (SubCT) criticou, esta quinta-feira, 10 de Outubro, o fim da publicidade na emissora televisiva pública, inserida no plano de acção do Governo para a Comunicação Social, considerando que "não se percebe qual a estratégia".

"Não se percebe qual a estratégia a que o plano obedece, mas parece pretender-se que a potencial diminuição de competitividade do serviço público aumente o share dos privados, inflacionando, assim, os preços da publicidade", refere um comunicado da SubCT.

O Governo apresentou, esta terça-feira, o seu Plano de Acção para a Comunicação Social, composto por 30 medidas, divididas em quatro eixos: Regulação do Sector, Serviço Público Concessionado, Incentivos ao Sector, Combate à Desinformação e Literacia Mediática.

Este plano contempla, entre outros pontos, o fim da publicidade na RTP e saídas voluntárias de até 250 trabalhadores, com a contratação de um jornalista por cada dois que se retirarem.

O organismo de representação dos trabalhadores da RTP no Porto apontou que o custo estimado para a redução gradual da publicidade comercial até 2027 deverá representar "uma perda de cerca de sete milhões de euros em 2025, de 14 milhões de euros em 2026 e de 21 milhões de euros em 2027", para um total de menos 42 milhões de euros em receita.

A SubCT defende que Portugal tem um dos menores financiamentos ao serviço público de rádio e televisão na Europa, argumentando que a Contribuição para o Audiovisual (CAV) representa cerca de 20% da média do financiamento europeu, próximo de 900 milhões de euros.

"Quando se compara Portugal com países de igual dimensão, Grécia e Bélgica, por exemplo, a diferença é assinalável. A RTP tem cerca de 200 milhões de euros vindos da CAV, enquanto a televisão pública grega recebe 300 milhões de euros de financiamento público e a belga 900 milhões de euros", refere o comunicado, que acrescenta que nenhum destes dois países "apresenta obrigações de diáspora como Portugal".

O Plano de Acção para Comunicação Social tem sido alvo de críticas por partidos políticos e sindicatos.