Trabalhadores da RTP do Porto criticam fim de publicidade na estação pública
O Governo apresentou um plano para a comunicação social que prevê o fim da publicidade na RTP. Os trabalhadores da emissora no Porto alertam para “diminuição da competitividade do serviço público”.
A Subcomissão de Trabalhadores do Porto da RTP (SubCT) criticou, esta quinta-feira, 10 de Outubro, o fim da publicidade na emissora televisiva pública, inserida no plano de acção do Governo para a Comunicação Social, considerando que "não se percebe qual a estratégia".
"Não se percebe qual a estratégia a que o plano obedece, mas parece pretender-se que a potencial diminuição de competitividade do serviço público aumente o share dos privados, inflacionando, assim, os preços da publicidade", refere um comunicado da SubCT.
O Governo apresentou, esta terça-feira, o seu Plano de Acção para a Comunicação Social, composto por 30 medidas, divididas em quatro eixos: Regulação do Sector, Serviço Público Concessionado, Incentivos ao Sector, Combate à Desinformação e Literacia Mediática.
Este plano contempla, entre outros pontos, o fim da publicidade na RTP e saídas voluntárias de até 250 trabalhadores, com a contratação de um jornalista por cada dois que se retirarem.
O organismo de representação dos trabalhadores da RTP no Porto apontou que o custo estimado para a redução gradual da publicidade comercial até 2027 deverá representar "uma perda de cerca de sete milhões de euros em 2025, de 14 milhões de euros em 2026 e de 21 milhões de euros em 2027", para um total de menos 42 milhões de euros em receita.
A SubCT defende que Portugal tem um dos menores financiamentos ao serviço público de rádio e televisão na Europa, argumentando que a Contribuição para o Audiovisual (CAV) representa cerca de 20% da média do financiamento europeu, próximo de 900 milhões de euros.
"Quando se compara Portugal com países de igual dimensão, Grécia e Bélgica, por exemplo, a diferença é assinalável. A RTP tem cerca de 200 milhões de euros vindos da CAV, enquanto a televisão pública grega recebe 300 milhões de euros de financiamento público e a belga 900 milhões de euros", refere o comunicado, que acrescenta que nenhum destes dois países "apresenta obrigações de diáspora como Portugal".
O Plano de Acção para Comunicação Social tem sido alvo de críticas por partidos políticos e sindicatos.