Furacão Milton chegou à Florida com chuvas torrenciais e ventos ciclónicos
Olho da tempestade poupa a baía de Tampa e atinge Siesta Key, junto a Sarasota. Furacão atravessará a península da Florida ao longo da madrugada de quinta-feira.
O olho do furacão Milton atingiu a costa oeste do estado norte-americano da Florida cerca das 20h30 de quarta-feira, hora local (01h30 de quinta-feira em Portugal continental), com ventos próximos dos 200 km/h e marés de tempestade de vários metros de altura.
O furacão de categoria 3 atingiu Siesta Key, junto à cidade de Sarasota e cerca de 30 quilómetros a sul da baía de Tampa. É o quinto furacão a chegar a terra este ano nos Estados Unidos. A dita baía, que banha as cidades de Tampa e de São Petersburgo, escapou assim ao impacto directo da tempestade, não se concretizando o cenário mais temido para aquela área urbana de mais de três milhões de habitantes, que não é poupada, no entanto, a chuvas torrenciais e a ventos ciclónicos. E uma vasta faixa da costa sudoeste da Florida enfrentava a força máxima da tempestade, de Sarasota a Naples, passando por Venice, Cape Coral e Fort Myers.
Cerca das 21h20 locais (02h20 em Portugal continental), não havia registo de vítimas mortais, nem era possível contabilizar a extensão dos danos materiais causados pela tempestade. Espera-se ter uma noção mais exacta do impacto da tempestade esta quinta-feira e ao longo dos dias seguintes.
Os meteorologistas norte-americanos e as autoridades locais prevêem agora que a tempestade atravesse a península da Florida, com o olho do furacão a passar próximo de Orlando, e que entre no Atlântico ao longo da madrugada de quinta (já de manhã em Portugal continental). Mesmo antes do impacto directo, registavam-se já inundações nas zonas costeiras do Golfo do México, devido à maré e às chuvas fortes, e a ocorrência de pelo menos 19 tornados – um fenómeno de vento extremo que pode acompanhar um furacão. No momento do impacto do furacão Milton, cerca de 800 mil clientes estavam já sem acesso à rede eléctrica.
“Neste momento é demasiado perigoso sair em segurança, por isso terão de abrigar-se”, alertou o governador da Florida, o republicano Ron DeSantis, dirigindo-se àqueles que, até ao último minuto, ignoraram as recomendações de evacuação. Mas vários milhões de habitantes deixaram as suas casas ao longo dos seus últimos dias, rumo ao Norte e ao Sul do estado, esgotando hotéis e voos, e esvaziando um quarto dos postos de combustíveis da Florida. Destes habitantes em fuga, pelo menos 100 mil encontram-se em centros de abrigo abertos pelas autoridades estaduais e federais.
Os apelos à população para que siga as orientações das autoridades eram reforçados, ainda na noite de quarta-feira, pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “É literalmente uma questão de vida ou morte”, dramatizou, aproveitando para criticar duramente a disseminação de boatos e de desinformação, ao longo dos últimos dias, sobre o furacão Milton, o furacão Helene e os esforços das autoridades federais para auxiliar os habitantes das regiões atingidas.
Biden chegou a ter de desmentir que o Governo controle o estado do tempo. “Marjorie Taylor Greene, a congressista [republicana] da Georgia, anda agora literalmente a dizer que o governo federal controla o tempo, que nós controlamos o tempo. É para lá de ridículo. É tão estúpido. Tem de parar”, declarou o Presidente democrata na Casa Branca.
A menos de um mês das eleições presidenciais norte-americanas de 5 de Novembro, a resposta das autoridades estaduais e federais ao desastre está sob escrutínio acrescido. Este é o segundo furacão a atingir a Florida em pouco mais de duas semanas. O primeiro, Helene, atingiu o Norte do estado, também a partir do Golfo do México, fustigando igualmente os estados da Georgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.
Mais de 200 pessoas morreram na passagem do furacão Helene, outras dezenas permanecem desaparecidas, e os prejuízos materiais deverão superar os 30 mil milhões de dólares (mais de 27 mil milhões de euros). Ainda decorrem operações de socorro e de auxílio numa vasta área da zona ocidental da Carolina do Norte, também estas objecto de uma intensa corrente de desinformação em redes sociais como o X, o antigo Twitter. Na Florida, os destroços deixados pelo Helene representam ainda uma ameaça adicional à passagem do Milton, temendo-se que possam ser arremessados pelos ventos ciclónicos gerados pelo furacão.