Sete meses depois, a chimpanzé Natalia libertou o corpo da cria morta

A cria de Natalia morreu 14 dias depois do nascimento e, desde então, a chimpanzé-fêmea carregava-o para todo o lado.

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A chimpanzé carregou a cria durante sete meses Reuters
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A chimpanzé Natalia terminou o luto, mas foram precisos sete meses para que conseguisse libertar o corpo da cria, que morreu pouco depois do nascimento, em Fevereiro. Natalia carregou-a sempre desde então.

De acordo com o Bioparc, jardim zoológico de Valência (Espanha) onde vive a chimpanzé, Natalia manteve uma “excelente” socialização com todos os membros do grupo — que a apoiaram em todos os momentos —, e com a fêmea Noelia e a sua cria de 8 meses, Cala, que também nasceu em Fevereiro, cita o El Mundo.

A cria de Natalia morreu 14 dias após o nascimento e a chimpanzé iniciou então um período de luto que só chegou ao fim no sábado, dia 21 de Setembro. Nesse dia, Natalia deixou o corpo da cria morta na relva, que acabou por ser retirado pela equipa de cuidado animal.

Este não é um comportamento inédito e já foi documentado em grupos de chimpanzés no seu habitat natural. Por isso, o Biopac decidiu não intervir — e deixou que a chimpanzé fizesse o luto pelo tempo necessário. Este processo terminou de forma natural, acrescentou o zoo, porque forçar a retirada do corpo podia acabar com a relação de confiança construída com os tratadores.

Natalia pertence à subespécie Pan troglodytes verus, mais conhecido por chimpanzé-ocidental ou chimpanzé-do-oeste-africano, que é uma das quatro subespécies do chimpanzé-comum.

Esta espécie preza muito os “vínculos sociais e coesão do grupo”, pelo que “todos os membros ficam afectados por estes tristes acontecimentos”, esclareceu a direcção do Bioparc em Maio. Durante estes sete meses, a equipa de especialistas do zoo acompanhou de perto o comportamento e o bem-estar de Natalia e do grupo, tendo observado que a integração e a relação continuavam a ser completamente normais.

Além disso, a situação foi comunicada abertamente às pessoas que visitam o parque e a “grande maioria” sentiu empatia por Natalia.

Texto editado por Inês Chaíça

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