Zelensky diz ao Conselho de Segurança da ONU que a Rússia deve ser “forçada à paz”

Presidente da Ucrânia garante que Putin “não vai parar” e pede apoio internacional para acabar com a guerra. EUA acusam China, Coreia do Norte e Irão de “ajudar e encorajar” a Rússia.

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Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, falou aos membros do Conselho de Segurança da ONU SARAH YENESEL / EPA
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Numa intervenção na terça-feira numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para a qual foi convidado pelos aliados ocidentais da Ucrânia, Volodymyr Zelensky defendeu que a Rússia deve ser “forçada à paz”, uma vez que, argumentou, Vladimir Putin “não vai parar” por iniciativa própria.

“Esta guerra não pode ser vencida através de negociações. É necessária acção”, disse o Presidente ucraniano, citado pela Reuters, acusando as Forças Armadas russas de ataques propositados contra populações civis e infra-estruturas energéticas no seu país.

“Putin violou tantas normas e regras internacionais que não vai parar só por si. A Rússia só pode forçada à paz e é exactamente isso que necessário: forçar a Rússia à paz, enquanto única agressora nesta guerra, única violadora da Carta da ONU”, afirmou.

Vassili Nebenzia, embaixador da Federação Russa na organização mundial, criticou o convite a Zelensky e acusou os “países ocidentais” de estarem a “envenenar novamente o ambiente” e ocupando o tempo do Conselho de Segurança com a “gasta questão ucraniana”.

Numa entrevista à agência russa Tass, publicada esta quarta-feira, Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, acusou, por sua vez, a ONU, e, nomeadamente, o secretário-geral, António Guterres, de estarem a ignorar os “abusos” dos “grupos terroristas” ucranianos na região russa de Kursk, alvo de uma incursão das Forças Armadas da Ucrânia em Agosto.

Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, para participar na 79.ª Assembleia Geral da ONU – discursa esta quarta-feira no plenário –, Volodymyr Zelensky tem ainda um encontro agendado com Joe Biden, em Washington D.C., no final da semana, onde os dois presidentes vão discutir uma proposta que, segundo o chefe de Estado ucraniano - que rejeita ceder qualquer território à Rússia - é adequada para acabar com guerra no seu país.

Na sua intervenção na terça-feira no Conselho de Segurança, Zelensky apelou aos governos de países como o Brasil ou a Índia, assim como outros Estados da América Latina e de África, para ajudarem a Ucrânia a pressionar a Rússia a pôr fim à invasão do seu território, iniciada em Fevereiro de 2022.

“Sabemos que alguns [países] no mundo querem falar com Putin – querem reunir-se, conversar, falar. Mas o que é que poderão ouvir dele? Que está chateado porque estamos a exercer o nosso direito de defender o nosso povo? Ou que quer manter a guerra e o terror só para que ninguém pense que ele estava errado?”, questionou.

Mais directo, o Presidente da Ucrânia, acusou directamente o Irão e a Coreia de Norte de estarem a fornecer armamento à Rússia, fazendo deles “cúmplices de facto” de Moscovo. E Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, aproveitou a deixa de Zelensky para juntar a China ao grupo dos supostos “cúmplices” da Rússia.

“A Coreia do Norte e o Irão não são os únicos que estão a ajudar e a encorajar a Rússia. A China – outro membro permanente deste conselho – é o principal fornecedor de maquinaria, microelectrónica e outros itens que a Rússia está a utilizar para reconstruir, reabastecer e aumentar a sua máquina de guerra e para sustentar a sua agressão brutal [à Ucrânia]”, atirou o chefe da diplomacia dos EUA.

“Qualquer tentativa de transferir responsabilidades para a China, ou de a atacar e difamar, é irresponsável e não vai levar a lado nenhum”, respondeu-lhe, no entanto, Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China.

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