Após o debate presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump, na madrugada de 10 para 11 de setembro, a cantora norte-americana Taylor Swift publicou uma foto no Instagram em resposta a um comentário do candidato republicano à vice-presidência dos EUA, J.D. Vance, no qual este se referiu às mulheres solteiras e sem filhos como “Childless Cat Ladies” (solteironas dos gatos, em português). Na mesma publicação, Swift expressou o seu apoio a Kamala Harris e ao seu "vice" Tim Walz.
Este gesto levanta uma questão: será que o apoio de celebridades altera mesmo o sentido de voto dos americanos?
O apoio de celebridades pode, de facto, ter um impacto significativo na visibilidade e na percepção pública dos candidatos. Taylor Swift, com uma vasta base de fãs e influência nas redes sociais, tem o poder de levar os candidatos que apoia para o centro das discussões públicas. Esse aumento na visibilidade pode ser crucial para elevar o perfil dos candidatos e gerar mais atenção em torno das suas campanhas.
No entanto, a influência real das celebridades nas decisões de voto é um tema mais complexo. Estudos mostram que o impacto das celebridades tende a ser mais significativo entre os eleitores mais jovens. Dado que Taylor Swift é extremamente popular entre esse grupo etário, o seu apoio pode ter uma relevância maior para esta base eleitoral. Isso sugere que a sua influência pode ser mais pronunciada no sentido de consciencialização entre os jovens sobre os assuntos políticos.
Além disso, o apoio de uma figura famosa como Taylor Swift pode gerar um efeito emocional e psicológico que leva os eleitores a sentirem-se mais ligados ao candidato. Contudo, esse efeito emocional não resulta necessariamente numa mudança concreta do sentido de voto. A decisão final de muitos eleitores é geralmente moldada por questões políticas e ideológicas, e não por uma celebridade.
A percepção pública sobre a credibilidade e as motivações da celebridade também desempenha um papel importante. No caso de Taylor Swift, e embora a cantora tenha uma influência considerável, o impacto real pode variar dependendo de como o público percebe a sua posição política. Em 2008, Oprah Winfrey apoiou Barack Obama nas primárias dos Partido Democrata, levando, ao que os estudos indicam, um milhão a mais de democratas a votar em Obama para candidato presidencial, todavia nenhum estudo foi feito para as eleições em concreto. Apenas em 2020, um estudo eleitoral foi feito relativamente à decisão do Presidente, aqui, 9 em 10 eleitores afirmavam que nenhuma celebridade podia alterar o seu sentido de voto.
Por fim, apesar do potencial para aumentar a visibilidade e gerar discussão, o efeito direto do apoio das celebridades na mudança de votos é incerto. Embora os apoios possam ajudar a destacar uma campanha e envolver os eleitores, especialmente os jovens, não devem ser considerados fatores decisivos para o sucesso eleitoral. Assim, o apoio de celebridades pode criar um momento favorável para a campanha, mas a decisão final do eleitor continua a ser mais influenciada por políticas e ideologias do que pela presença de uma figura famosa.