Gripe e covid-19: pessoas com mais de 85 anos só podem ser vacinadas nos centros de saúde
Campanha de vacinação arranca esta sexta-feira nos centros de saúde e nas farmácias comunitárias. Na última campanha, apenas 56,1% da população elegível pela idade decidiu vacinar-se contra a covid-19
A campanha de vacinação sazonal (2024-2025) contra a covid-19 e a gripe vai iniciar-se nesta sexta-feira nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e nas farmácias comunitárias. Para o esforço de vacinação, gratuita para a população elegível, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) já fez saber que foram adquiridas vacinas em número suficiente para todos os cidadãos elegíveis que demonstrem interesse em vacinar-se. A população é elegível não só pelo factor idade (a partir dos 60 anos), mas também são tidos em conta critérios como doenças de risco associadas e a profissão, entre outros.
Há quase cinco milhões de vacinas contra a gripe e a covid-19 disponíveis: de acordo com a DGS, “foram adquiridos 2,1 milhões de vacinas contra a covid-19 (Portugal continental e regiões autónomas) e 2,5 milhões de vacinas contra a gripe para Portugal continental (2,1 milhões de dose-padrão e 360 mil vacinas de dose elevada)”, sem indicar o valor do investimento.
Apesar disso, como o PÚBLICO noticiou, as farmácias comunitárias que participam nesta campanha sazonal de vacinação vão receber três euros por cada vacina administrada. O Governo estimou gastar 7,6 milhões de euros neste processo.
Este ano há mudanças a considerar. A vacinação contra a gripe com dose reforçada foi alargada a todas as pessoas com 85 ou mais anos, além das pessoas residentes em lares de idosos, similares e na rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI).
Recorde-se, a este propósito, que as pessoas neste grupo etário serão vacinadas apenas em regime de centro de saúde. À agência Lusa, a DGS esclareceu na quarta-feira que a exclusão da vacinação em farmácias a pessoas com 85 anos ou mais se deve a “questões de logística” face à disponibilidade de vacinas contra a gripe de dose elevada e número de postos.
“De acordo com o número de doses de vacina de dose elevada disponibilizado, e o número de pontos de vacinação existentes (cerca de 3000), por questões logísticas optou-se pela concentração da vacinação nas unidades de saúde, permitindo que cada uma destas unidades disponha de um maior número de doses para responder à procura esperada”, explicou a DGS. De acordo com a autoridade nacional de saúde, “foram adquiridas cerca de 360 mil vacinas de dose elevada, suficientes para responder à procura esperada”.
O esclarecimento surgiu depois de o ex-ministro da Saúde Manuel Pizarro ter defendido num artigo de opinião, publicado no PÚBLICO na quarta-feira, que a mudança é “uma discriminação incompreensível contra as pessoas com 85 anos ou mais, que não se poderão vacinar nas farmácias”.
A vacinação nas unidades do SNS é recomendada e gratuita para pessoas com 60 ou mais anos, profissionais e residentes em lares, similares e unidades da RNCCI e pessoas com patologias de risco. A vacinação nestes estabelecimentos de saúde é ainda recomendada a grávidas e profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados de saúde, estudantes em estágio clínico, bombeiros envolvidos no transporte de doentes, prestadores de cuidados a pessoas dependentes e profissionais de distribuição farmacêutica, pessoas em situação de sem abrigo e estabelecimentos prisionais.
Já nas farmácias comunitárias, está recomendada a vacinação para utentes entre os 60 e 84 anos de idade e profissionais de saúde das farmácias.
Tal como aconteceu nos outros anos, a vacinação vai começar pelas pessoas com doenças de risco, profissionais de saúde e residentes em lares e população prisional, chegando de seguida aos cidadãos a partir dos 60 anos. As vacinas serão adaptadas às variantes em circulação.
O grande desafio vai ser o de convencer mais pessoas a vacinarem-se contra a covid-19, numa altura em que a adesão à vacinação está a diminuir em todo o mundo, e Portugal não é excepção. Os dados da última campanha de vacinação sazonal comprovam-no: apenas 56,1% da população elegível pela idade (a partir dos 60 anos) decidiu vacinar-se contra a covid-19, uma redução generalizada em todas as faixas etárias relativamente à época anterior, enquanto a adesão à vacinação contra a gripe se manteve, com uma taxa de cobertura de 66,3%. com Lusa