Moreira diz que fachada atlântica deve continuar a ser prioridade da alta velocidade

A ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).

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A linha de alta velocidade Lisboa-Porto deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos Tiago Lopes
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O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defendeu que a linha de alta velocidade não deve ter por base razões políticas, mas técnicas e de procura, considerando que a prioridade deve continuar a ser a fachada atlântica. "As linhas de caminho-de-ferro não devem ser feitas por razões políticas, devem ser feitas onde há procura", afirmou nesta segunda-feira Rui Moreira.

O autarca, que falava à Lusa na sequência do Conselho Municipal de Economia, que se debruçou sobre o projecto da alta velocidade, defendeu que o Governo deve manter como prioridade "infra-estruturar a fachada atlântica". "O Governo anterior entendeu, e a meu ver bem, que o primeiro objectivo deveria ser a ligação em alta velocidade de toda a fachada atlântica", referiu, admitindo estar "objectivamente preocupado" com esta matéria, sobretudo depois de algumas declarações, entre as quais, as do seu homólogo de Lisboa.

Destacando que na fachada atlântica vivem cerca de 11 milhões de pessoas, Rui Moreira considerou que o anterior Governo, liderado por António Costa, "olhou com cuidado" para o tema. "Quando olhamos para a ligação Porto -- Lisboa os estudos apontam para uma procura de 16 milhões de passageiros por ano", observou, notando que a procura entre as duas cidades portuguesas é 60% maior do que a procura entre Madrid e Barcelona.

"Quando olhamos para a ligação entre Lisboa e Madrid, que de repente o engenheiro Carlos Moedas e outras pessoas consideram que é absolutamente fundamental, estruturante e importante, a procura é de 1,5 milhões de passageiros por ano", observou, notando que entre o Porto e Vigo a procura é igual.

"Há tantas pessoas a viajar entre Lisboa e Madrid como entre o Porto e Vigo, mas entre o Porto e Lisboa há 11 vezes mais pessoas do que entre Lisboa e Madrid. É importante que não seja por razões políticas, mas seja por razões técnica que se continua a manter a prioridade".

Questionado se temia que o actual Governo revertesse as prioridades relativamente a esta matéria, Rui Moreira afirmou que quando o ministro das Infra-estruturas visitou a Área Metropolitana do Porto "garantiu que as ligações de Lisboa ao Porto e do Porto a Vigo vão continuar a ser prioritárias". "Quero acreditar que não vai haver uma inflexão naquilo que é o desígnio estratégico português", acrescentou.

A linha de alta velocidade Lisboa-Porto deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria. O percurso Porto-Vigo está estimado em 50 minutos. A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030, estando previsto que a segunda fase (Soure-Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.

Já a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo). No total, segundo o anterior governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.