James Earl Jones, que foi a voz de Darth Vader, morreu aos 93 anos

Actor conhecido por ter dado a voz ao vilão de Star Wars e a Mufasa em O Rei Leão morreu esta segunda-feira.

Foto
James Earl Jones teve uma carreira longa e recheada de êxitos Reuters Photographer / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:51

É um James Earl Jones bastante enfadado que se dirige a Sheldon Cooper. “Deixa-me adivinhar: ‘Tu gostas do Star Wars’”, diz-lhe, e o outro só responde com um aceno de cabeça, um silêncio de reverência, um ar aparvalhado. “Sabes, eu fiz outros filmes. Mas tu não queres saber disso, pois não?”, atira Jones, ainda carrancudo.

Para logo depois se desfazer num grande sorriso: “Eu também gosto do Star Wars!”

A rábula, que apareceu num episódio de A teoria do Big Bang, deve ter correspondido muitas vezes à realidade na vida de James Earl Jones. O actor que emprestou o seu vozeirão a Darth Vader, contribuindo assim para criar uma das personagens incontornáveis do último meio século do cinema, morreu esta segunda-feira aos 93 anos. A sua morte foi comunicada pelo agente à Variety.

Foi nesse papel de bastidores, desempenhado num estúdio de gravação – o Darth Vader era interpretado à frente da câmara por outro actor, David Prowse –, e sem atribuição de créditos nos dois primeiros filmes da saga, que Jones ganhou a notoriedade que perdura para milhões de Sheldons e sucessivas gerações de espectadores.

Mas o actor nascido em 1931 no estado norte-americano do Mississípi fez, de facto, outros filmes. E ainda muito teatro e muita televisão.

Mas o actor nascido em 1931 no estado norte-americano do Mississípi fez, de facto, outros filmes – podem citar-se Caça ao Outubro Vermelho, Um príncipe em Nova Iorque ou Jardins de Pedra. E ainda muito teatro e muita televisão.

A sua estreia cinematográfica, em 1964, foi sob a direcção de Stanley Kubrick em Dr. Estranhoamor. Já então contava com um punhado de aparições em séries televisivas e telenovelas, mas o início de tudo foi o palco, em meados dos anos 1950.

Criado pelos avós depois de os pais o terem praticamente abandonado, Jones encontrou na escrita e declamação de poesia, já na adolescência, um talento que o ajudou a superar o trauma e a gaguez que o acometeu fortemente ainda na infância. O teatro cativou-o e fê-lo mudar-se para Nova Iorque, onde conseguiu vários papéis em peças de Shakespeare. Tornou-se então uma presença assídua nos palcos dentro e fora da Broadway, onde um teatro foi rebaptizado com o seu nome em 2022.

Ao longo da sua extensa carreira, que durou mais de meio século e durante a qual interpretou papéis em mais de centena e meia de filmes e séries, ganhou três Tony, um Grammy, um Globo de Ouro, três Emmy e um Óscar (honorário), entre outras distinções.

Entre tanta actividade à frente das câmaras e nos palcos, James Earl Jones manteve o seu trajecto nas narrações, dando voz a dezenas de personagens – muitas vezes sem que o seu nome aparecesse nos créditos. Não foi esse o caso n’O Rei Leão, em 1994, quando foi chamado a carregar de gravitas, majestade, ternura e humor o malfadado pai de Simba, Mufasa.

Sugerir correcção
Comentar