Alemanha vai repor controlos fronteiriços terrestres

O objectivo é travar a migração irregular e prevenir atentados terroristas, disse o Governo. Medida surge num quadro de aumento do apoio à AfD.

Foto
O chanceler alemão Olaf Scholz quer ver o SPD de volta ao poder em Brandemburgo CLEMENS BILAN / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:08

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Governo alemão anunciou esta segunda-feira a reposição temporária de controlos fronteiriços em todas as fronteiras terrestres, como forma de tentar travar a migração irregular e proteger os cidadãos de ameaças, tais como o extremismo islâmico.

Os controlos vão ser repostos a partir de 16 de Setembro e, inicialmente, vão durar seis meses, segundo o Ministério do Interior.

“Estamos a fortalecer a segurança interna e a dar continuidade à nossa linha dura contra a migração irregular”, afirmou a ministra do Interior, Nancy Faeser.

A Alemanha tem adoptado uma postura mais rígida em relação à imigração nos últimos anos, numa altura em que o Governo tenta retomar a iniciativa num contexto em que o partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD) tem aumentado de popularidade à custa deste assunto.

Os ataques à faca mais recentes, nos quais os suspeitos eram requerentes de asilo, aumentaram os receios em relação à imigração. O Daesh reivindicou a responsabilidade pelo ataque na cidade de Solingen que matou três pessoas em Agosto.

No início do mês, a AfD tornou-se o primeiro partido de direita radical na Alemanha a vencer eleições num estado federado, a Turíngia, desde o fim da II Guerra Mundial.

O anúncio surge a apenas duas semanas das eleições no estado de Brandemburgo, onde o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler, Olaf Scholz, pretende retomar o controlo do governo estadual.

A imposição de controlos fronteiriços temporários poderá ser um novo teste à unidade europeia. A Alemanha partilha os seus mais de 3700 quilómetros de fronteiras terrestres com a Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França, Suíça, Áustria, República Checa e Polónia.

O ministro do Interior da Áustria, Gerhard Karner, disse ao jornal Bild que o seu país não iria aceitar nenhum migrante rejeitado na fronteira com a Alemanha. “Não há espaço de manobra nisto”, afirmou. “É a lei. Dei ordens à chefia da polícia federal para não aceitar nenhuma ‘devolução’”, acrescentou.

No ano passado, a Alemanha anunciou a imposição de controlos mais rígidos nas suas fronteiras terrestres com a Polónia, República Checa e Suíça como resposta ao aumento acentuado de primeiros pedidos de asilo.