Donald Trump proibido pela Justiça de usar música de Isaac Hayes na campanha republicana

Tribunal deu razão aos representantes de Isaac Hayes e proibiu Trump de passar Hold on, I’m comin’ na campanha. Adensa-se a lista de artistas que não se querem associar ao candidato.

Foto
Isaac Hayes foi um dos autores da letra de Hold on, I'm comin', interpretada pelos Sam&Daves. A música tem sido utilizada em acções de campanha do Partido Republicano Reuters
Ouça este artigo
00:00
04:06

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A história repete-se: depois de Beyoncé, Céline Dion ou Prince, também os representantes do cantor norte-americano Isaac Hayes proibiram Donald Trump de utilizar Hold on, I'm comin', uma canção escrita pelo artista e por David Porter, nas campanhas do candidato republicano. A decisão partiu de um tribunal em Atlanta, que decidiu a favor da família de Isaac Hayes e impediu a equipa de Donald Trump de continuar a usar a música nas acções de campanha republicanas às presidenciais nos Estados Unidos.

"A nossa família recebeu a ordem contra Donald Trump que o impede de tocar a música de Isaac Hayes daqui para a frente", escreveu o filho do artista, Isaac Hayes III, no X: "Estamos muito satisfeitos com a decisão do tribunal e vamos continuar para a próxima fase deste processo."

Em declarações aos jornalistas junto ao tribunal, Isaac Hayes III disse estar "muito feliz" com a decisão do juiz Thomas W. Thrash Jr.​. "Quero que isto sirva de exemplo para outros artistas que não queiram que a sua música seja usada por Donald Trump ou outras entidades políticas, para que continuem a lutar pelos direitos dos artistas e pelos direitos de autor", disse ele, citado pela Associated Press.

De acordo com a família de Isaac Hayes, Hold on, I'm comin' tem sido utilizada amiúde em eventos republicanos com Donald Trump nos últimos dois anos, sem qualquer permissão dos representantes do artista. O filho tem publicado nas redes sociais os avisos que o advogado da família tem enviado a Trump, acusando-o de violar direitos de autor e exigindo-lhe um pagamento de três milhões de dólares (2,7 milhões de euros) pelas taxas de licenciamento.

Ainda no mês passado, a família de Isaac Hayes ameaçou processar Donald Trump caso continuasse a utilizar a música — que veio a ser interpretada e popularizada pela dupla Sam & Daves. Até essa altura, nas contas da família, os direitos de autor pela canção já teriam sido violados 134 vezes em acções de campanha do Partido Republicano desde 2022. O tribunal deu razão à família do artista, que vê a decisão judicial como um "primeiro passo" no processo que planeia abrir contra o candidato à Casa Branca.

Ainda assim, o juiz responsável pelo caso não acedeu ao pedido da família de Isaac Hayes para obrigar a campanha republicana a eliminar todos os conteúdos que utilizam Hold on, I'm comin', como vídeos colocados nas redes sociais.

É uma decisão que agrada ao advogado de Donald Trump, que em declarações aos jornalistas à saída do tribunal afirmou que a campanha já tinha aceitado o pedido para não voltar a utilizar a canção. "A campanha não tem qualquer interesse em incomodar ou magoar ninguém e, se a família Hayes sente que isso os incomoda ou magoa, tudo bem. Não vamos forçar a questão", assegurou Ronald Coleman.

O reportório de Isaac Hayes junta-se a uma longa lista de canções que Donald Trump está impedido de utilizar nas suas campanhas. Os representantes de cantores como Sinéad O'Connor ou Prince também já travaram a utilização das músicas destes artistas na campanha do Partido Republicano. Céline Dion também pediu à campanha republicana que não faça uso de My heart will go on, depois de a canção ter sido utilizada numa acção no estado norte-americano de Montana.

Beyoncé também proibiu Donald Trump de utilizar Freedom — a canção que se veio a tornar a música oficial da campanha democrata de Kamala Harris. E os Foo Fighters tomaram uma decisão semelhante: depois de os republicanos terem tocado My hero num comício no Arizona sem autorização, a banda anunciou que vai exigir o dinheiro dos direitos de autor à campanha republicana para doar o valor aos democratas.

No mês passado, os ABBA afirmaram que canções como Waterloo, The winner takes it all e Money, money, money estavam a ser utilizadas sem qualquer autorização em eventos com Donald Trump. Mas a campanha republicana negou as acusações, afirmando que tinham obtido autorização para fazer uso do reportório da banda sueca através de um acordo com a BMI e a ASCAP, duas das principais organizações defensoras dos direitos de autor dos artistas.

Donald Trump já tinha tido dificuldades em encontrar uma música oficial para a campanha republicana tanto em 2016 como em 2020. Há oito anos, Adele também apelou aos republicanos que não utilizassem as suas canções nas campanhas do partido. Quatro anos mais tarde, também artistas como Bruce Springsteen, Rihanna, Panic! at the Disco, REM e Guns N' Roses repetiram o apelo.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários