Portuguesa Simone Fragoso afastada dos Jogos Paralímpicos por doping

Atleta chumbou no controlo anti-doping e não poderá competir. Seria a estreia da atleta na modalidade de halterofilismo, depois de quatro Jogos Paralímpicos a representar Portugal na natação.

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Simone Fragoso anunciou que vai contestar os resultados do teste anti-doping realizado a 31 de Agosto Comité Olímpico Internacional
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A atleta Simone Fragoso foi impedida de participar na prova de powerlifting dos Jogos Paralímpicos Paris2024, agendada para esta quarta-feira, 4 de Setembro, devido a um resultado positivo num controlo anti-doping, anunciou na terça-feira à noite o Comité Paralímpico de Portugal (CPP). A atleta já adiantou que vai contestar a decisão.

Em comunicado, o CPP refere ter sido "informado pelo Comité Paralímpico Internacional de que a atleta Simone Fragoso apresentou um resultado analítico adverso em teste de controlo anti-doping realizado no dia 31 de Agosto, em Paris, decretando a suspensão com efeitos imediatos da atleta da competição desportiva nos Jogos Paralímpicos Paris2024".

O CPP finaliza o curto comunicado garantindo que "repudia qualquer forma de adulteração de resultados e pugna por um desporto limpo e transparente". Simone Fragoso, que já participou em três Jogos Paralímpicos como nadadora, iria ser a primeira atleta portuguesa a participar em provas de paralímpicas de powerlifting, no torneio de -41 kg.

Os detalhes sobre os resultados que impedem a estreia de Simone Fragoso na modalidade de powerlifting ainda não são conhecidos. A atleta já reagiu numa publicação de Facebook, anunciando "com enorme desilusão" que não poderá participar na competição. "Regresso a casa sem a sensação de dever cumprido e com uma enorme tristeza. Agradeço a todos os que, mais uma vez, me apoiaram incondicionalmente neste percurso, garantindo que tudo farei para contestar esta decisão", acrescentou.

Estes seriam os quartos Jogos Paralímpicos da atleta de 44 anos, depois de três participações como atleta de natação em Pequim (2008), Londres (2012) e no Rio de Janeiro (2016). Mas seria a primeira vez que Simone Fragoso participaria na modalidade de powerlifting, também conhecida como halterofilismo, depois de uma mudança na carreira desportiva que abraçou após não se ter qualificado para os Jogos Olímpicos de 2020 (que acabaram por acontecer apenas em 2021, por causa da pandemia de covid-19) em Tóquio.

Foi a própria atleta que contactou a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência para se dedicar a outra modalidade, deixando a natação — a que se dedicava desde os 24 anos por recomendação médica — para trás. Num vídeo do Comité Paralímpico Português, Simone Fragoso explicou a origem da mudança na carreira desportiva: "Não achei que a minha carreira devesse acabar num momento menos bom."

De acordo com Luís Figueiredo, chefe da missão portuguesa nos Jogos Paralímpicos, "a atleta está agora suspensa e tem 10 dias para argumentar e apresenta provas que, eventualmente, a possam ilibar, num processo que terá de ser gerido pela própria, de acordo com as regras que emanam da WADA [Agência Mundial Anti-Doping]".

Caso "não vai afectar a missão portuguesa"

O chefe da missão portuguesa nos Jogos Paralímpicos garantiu que a comitiva em Paris 2024 "foi blindada" do "caso isolado de doping" que afastou da competição de powerlifting Simone Fragoso que, entretanto deixou França. "Naturalmente, é uma situação que não é agradável", considerou Luís Figueiredo, em declarações à agência Lusa, lembrando que este foi é "o primeiro caso de doping da missão portuguesa em Jogos Paralímpicos".

Luís Figueiredo mostrou-se convicto de que o caso, que afastou Simone Fragoso do torneio de powerlifting agendado para esta quarta-feira, "não vai afectar a missão portuguesa". "Em termos emocionais, a missão não está afectada com a situação, conseguimos blindar a missão deste caso, que é um caso isolado", assegurou.

De acordo com o chefe de missão, a atleta "saiu da aldeia ainda ontem [na terça-feira] para regressar a Portugal" depois da missão ter sido informada pelo Comité Paralímpico Internacional de um "resultado analítico adverso" num controlo anti-doping.

"O controlo realizou-se no dia 31 de Agosto, a informação foi ontem [na terça-feira] comunicada à chefia de missão e, obviamente, tomamos a decisão que achamos mais conveniente", disse, lembrando que todos os atletas nacionais realizaram controlos anti-doping em Portugal, cujos resultados ainda não são conhecidos.

Luís Figueiredo considerou que o caso que envolve Simone Fragoso não vai afectar nem os resultados, nem a imagem dos atletas. "Acreditamos que os atletas irão responder de uma forma positiva como têm feito até aqui", disse o chefe de missão.