Centenas de pessoas prestam homenagem a militares da GNR que “elevaram bem alto o esplendor de Portugal”
Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro marcam presença nos quatro funerais desta tarde.
Centenas de pessoas prestaram uma sentida homenagem aos militares que perderam a vida sexta-feira, ao regressar de um incêndio no concelho de Baião, num helicóptero que se despenhou no Douro.
Para além do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deslocaram-se à região para participar nos funerais dos elementos da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro, que tiveram honras de Estado.
Pelas 15h, a Igreja de Santa Cruz, uma das maiores de Lamego, acolheu as exéquias dos guardas principais Pedro Manuel de Jesus Santos, de 45 anos, e Daniel Filipe Monteiro Pereira, de 35 anos. Pelas 18h, na Igreja Paroquial de Sande, também em Lamego, decorrem as do cabo António Jorge Teixeira Pinto, de 36 anos. E, à mesma hora, na Igreja Paroquial de Vila de Rua, em Moimenta da Beira, as do guarda Fábio Gil Salvador Pereira, de 34 anos.
Aos familiares, amigos, vizinhos, figuras do Estado, representantes de partidos políticos, juntaram-se dezenas de militares: o comandante-geral da GNR, tenente-coronel Rui Ribeiro Veloso, elementos daquela força de segurança e da Força de Operações Especiais, sediada em Lamego, junto à Igreja de Santa Clara.
Homens de “acção abnegada”
“Um sentido obrigado pelo que revelaram enquanto homens e pelo que deram enquanto militares”, pregou o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que presidiu à cerimónia concelebrada pelo bispo de Lamego, D. António Couto, segundo citação da Renascença. “Estamos perante dois homens que, na grandeza da dádiva das suas vidas, elevaram bem alto o esplendor de Portugal.”
“Eles estarão vivos entre nós, onde houver quem viva o permanente cumprimento do dever”, disse ainda D. Rui Valério, que detém o pelouro das Forças Armadas. “Continuarão vivos na acção abnegada de quem protege os mais fracos e de quem toma partido pelos mais vulneráveis.”
Os cinco militares da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro da GNR, sediada em Armamar, eram residentes no território da Diocese de Lamego. No sábado, D. António Couto tinha emitido uma nota a pedir aos párocos e aos paroquianos da área de residência dos militares falecidos – São João Baptista de Avões, São Tiago de Sande, Nossa Senhora do Rosário de Cepões, São Pelágio de Vila da Rua e São Pedro de Castro Daire – que cercassem “com um intenso abraço de ternura, de fé e de esperança as famílias enlutadas”. E que os padres, nas missas celebradas este domingo, lembrassem os cinco militares.
Os dois funerais seguintes estavam marcados para a mesma hora. A missa de corpo presente do cabo António Jorge Teixeira Pinto foi celebrada por D. Rui Valério e a de do guarda Fábio Gil Salvador Pereira por D. António Couto.
Quem queria participar em ambos teve de se apressar. Estiveram uns dez minutos em Sande, Luís Montenegro, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira. Veio depois o Presidente da República com o presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes, para a primeira meia hora da missa. Tinham de seguir para Moimenta da Beira, onde já começara o outro funeral.
Segundo a Lusa, na sua qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu algumas palavras à GNR, "que serve o país em todas as circunstâncias". Fê-lo na Igreja de Sande, onde também agradeceu aos familiares e colegas do cabo António Jorge Teixeira Pinto pelo “exemplo de abnegação”.
Outro funeral amanhã
Os municípios de Lamego e Moimenta da Beira decretaram luto municipal este sábado e domingo, tendo o primeiro suspendido as tradicionais festas de Nossa Senhora dos Remédios. Castro Daire fez o mesmo este domingo e esta segunda-feira, dia em que se deve realizar o funeral do militar que só foi encontrado sábado, o guarda Tiago Pereira, de 29 anos.
O corpo de Tiago Pereira foi o último a ser autopsiado e libertado pela Medicina Legal. O Presidente da República e o primeiro-ministro já disseram que irão participar no seu funeral, que se realizará pelas 16h de segunda-feira em Castro Daire.
Na manhã de domingo, Marcelo Rebelo de Sousa declarara à Lusa que iria “apresentar às famílias e às comunidades o pesar do povo português”. Salientara que o seu trabalho “de abnegação e sacrifícios por todos”.
Já se tinha deslocado a Lamego na sequência da queda do helicóptero, mas ainda não tinha falado com os familiares das vítimas. “Fui muito rápido na ida ao ponto de comando porque estavam em curso operações e eu não queria, obviamente, ter qualquer intervenção aí, as famílias ainda não tinham chegado e tinham situações muito diferentes, havia umas que ainda tinham muita esperança e outras já não tinham esperança”, esclareceu na mesma ocasião.
As buscas de salvamento só terminaram no sábado à tarde, ao fim de 28 horas. Os trabalhos de mergulho foram retomados na manhã deste domingo para encontrar o rotor de cauda do helicóptero e o computador de navegação, duas peças relevantes para o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários descobrir o que provocou o acidente.
Já durante a tarde deste domingo, em comunicado, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários informou que “concluiu o essencial da fase de trabalhos de campo”. Já tinha procedido à “recolha de evidências no local do acidente, nomeadamente entrevistas ao piloto [único sobrevivente] e a testemunhas, bem como do essencial dos destroços da aeronave, os quais estão em trânsito para o hangar de investigação do GPIAAF no aeródromo de Viseu”. Só no final de terça-feira deverá divulgar “uma nota informativa dando conta das constatações iniciais e do caminho a prosseguir pela investigação”.