O que se sabe dos seis reféns que foram encontrados mortos nos túneis de Gaza?

Todos, excepto uma das reféns, foram capturados no festival de música trance que decorria perto de Gaza aquando do ataque do Hamas em Outubro de 2023.

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Ori Danino, Carmel Gat, Hersh Goldberg-Polin (da esquerda para a direita, em cima) Eden Yerushalmi, Alexander Lobanov e Almog Sarusi (da esquerda para a direita, em baixo) foram raptados pelo Hamas a 7 de Outubro de 2023 Bring Them Home Now / VIA REUTERS
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Os primeiros rockets do Hamas foram disparados pouco antes de o sol nascer. Hersh Goldberg-Polin era um no meio de milhares de pessoas que estavam num festival de música trance. Escondeu-se num bunker com 12 metros quadrados com mais 28 pessoas e, quando os militantes do Hamas começaram a atirar granadas para dentro do abrigo, foi Goldberg-Polin quem as atirou para fora, segundo relatos transmitidos aos pais do jovem por quem estava ao lado dele no dia 7 de Outubro de 2023. Depois, tudo aconteceu muito rápido, o melhor amigo foi atingido por uma das granadas e acabou por morrer. Outra granada explodiu na mão de Hersh Goldberg-Polin, ferindo-o. Foi levado para uma carrinha com outros reféns e só voltou a ser visto em Abril, num vídeo em que pedia, em hebraico, para os pais se manterem fortes.

O jovem de 23 anos foi um dos seis reféns encontrados mortos este sábado em Gaza, num túnel na zona de Rafah, pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). Foram também identificados os corpos de Ori Danino, Eden Yerushalmi, Almog Sarusi, Alexander Lobanov e Carmel Gat.

A família (a mãe, o pai e as duas irmãs mais novas) mudou-se da Califórnia para Israel quando Hersh Goldberg-Polin tinha sete anos. “Era obcecado por geografia e viagens desde muito pequeno”, descreveu a mãe, Rachel Goldberg-Polin, no discurso que proferiu na convenção do Partido Democrata americano, onde pediu que os EUA pressionassem o Hamas para a libertação dos reféns. Em Dezembro de 2023, o jovem israelo-norte-americano ia fazer uma viagem à volta do mundo, mas acabou por nunca regressar do festival de música.

Tanto Hersh Goldberg-Polin como Eden Yerushalmi e Carmel Gat deveriam ser libertados numa primeira fase de um eventual acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Em Julho, esse acordo parecia estar próximo, após cedências de ambos os lados. O diário norte-americano The Washington Post chegou a afirmar que as linhas gerais do acordo estavam definidas e que o Hamas cederia perante um acordo de governo interino. “O nosso primeiro-ministro adiou o acordo”, disse à CNN um militar israelita. “É demasiado tarde para os seis mortos, mas é altura de chegar a um acordo.”

Eden Yerushalmi, de 24 anos, era uma “jovem vibrante com muitos amigos e passatempos”, lê-se numa publicação de um fórum que une famílias e amigos de reféns do Hamas, no X. A jovem estava a estudar para se tornar instrutora de pilates em breve. No dia 7 de Outubro estava a trabalhar no festival de música atingido pelos militantes do Hamas. Quando ouviu os primeiros rockets, enviou um vídeo para a família e disse-lhes que ia sair dali. Durante o ataque ainda conseguiu ligar à polícia. “Encontrem-me, está bem?”, terá dito à polícia. As irmãs May e Shani ouviram durante quatro horas tudo o que Yerushalmi viveu enquanto tentava fugir. As últimas palavras que ouviram foram: “Shani, apanharam-me.”

“A Carmel era uma terapeuta ocupacional, cheia de compaixão e amor, sempre a encontrar formas de apoiar e ajudar os outros”, escreveu o mesmo fórum na rede social X. A mulher, de 40 anos, gostava de viajar sozinha e de ver concertos - “gostava particularmente dos Radiohead”. Dos seis reféns encontrados este sábado, era a única que não estava no festival de música trance. Gat vivia em Tel Aviv, mas estava em casa dos pais, em Be’eri, um kibbutz perto de Gaza. A mãe foi morta durante o ataque de 7 de Outubro e Carmel Gat foi levada pelos militantes do Hamas.

Ori Danino também estava no festival de música atacado pelo Hamas. Conseguiu fugir, mas, quando voltou para as imediações do festival de carro para ajudar quem lá estava, foi raptado e levado pelos militantes do Hamas. Aos 25 anos, estava a planear começar os estudos no ensino superior. Em declarações a uma estação de rádio israelita, a companheira de Danino descreveu-o como “um herói”, segundo o jornal The Jerusalem Post.

A namorada de Almong Sarusi morreu no ataque de 7 de Outubro. Tinha vários ferimentos e Sarusi ficou ao lado dela, a tentar ajudá-la. Acabou por ser levado pelos militantes do Hamas para um túnel em Gaza, juntamente com outros reféns. Vivia em Ra’anana, uma cidade a norte de Telavive, e era “uma pessoa vibrante e positiva”, segundo o fórum que une famílias e amigos de pessoas desaparecidas após o ataque do Hamas em Outubro de 2023.

Alexander Nobanov, de 32 anos, foi visto a retirar várias pessoas no festival de música, onde estava a trabalhar como gerente num bar. Depois, fugiu para a floresta de Be’eri, onde acabou por ser capturado, juntamente com outras pessoas. Nobanov vivia na cidade de Ashkelon, no Sul de Israel, era casado e tinha dois filhos, incluindo um de cinco meses que nasceu já depois de ter sido capturado pelo Hamas.

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