Defesa aérea russa destruiu todos os drones com que a Ucrânia atacou Moscovo

Ucrânia visou Moscovo depois de nas últimas semanas ter investido na região de Kursk. Medvedev diz que não haverá conversações sobre paz após a incursão de Kursk.

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Soldado ucraniano opera drone junto a fronteira com a Rússia REUTERS/Leah Millis
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A Ucrânia atacou Moscovo na madrugada de quarta-feira com pelo menos 11 drones, mas que acabaram todos abatidos pelas defesas aéreas, no que as autoridades russas disseram ser um dos maiores ataques com drones à capital desde que a guerra na Ucrânia começou em Fevereiro de 2022.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter destruído um total de 45 drones em território russo, incluindo 11 sobre a região de Moscovo, 23 sobre a região fronteiriça de Bryansk, seis sobre a região de Belgorod, três sobre a região de Kaluga e dois sobre a região de Kursk.

Alguns dos drones foram destruídos sobre a cidade de Podolsk, disse o presidente da Câmara de Moscovo, Serguei Sobyanin. Podolsk, situada na região de Moscovo, fica a cerca de 38km a sul do Kremlin.

"Esta é uma das maiores tentativas de ataque a Moscovo com drones de sempre", disse Sobyanin na aplicação de mensagens Telegram, nas primeiras horas de quarta-feira. "A defesa em camadas de Moscovo que foi criada tornou possível repelir com sucesso todos os ataques dos UAV [veículos aéreos não tripulados] inimigos. "

Também a Ucrânia foi alvo de um ataque nocturno de drones, afirmaram as forças de Kiev, que dizem ter destruído 50 dos 69 drones de ataque lançados pela Rússia.

A Força Aérea disse que outros 16 drones foram provavelmente abatidos por guerra electrónica durante o ataque, que também incluiu dois mísseis balísticos e um míssil de cruzeiro. A Força Aérea afirmou ter abatido apenas este último.

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Conseguir troca de prisioneiros é objectivo para Kiev UKRAINIAN ARMED FORCES

Os militares acrescentaram que um drone tinha entrado na Ucrânia a partir da Bielorrússia e outro tinha regressado à Rússia.

A guerra, em grande parte uma batalha de artilharia e drones nos campos, florestas e aldeias do Leste da Ucrânia, alterou-se a 6 de Agosto, quando a Ucrânia enviou milhares de soldados para a região ocidental de Kursk, na Rússia. A Ucrânia controla já 1250 quilómetros quadrados de território na Rússia e 92 localidades.

Durante meses, a Ucrânia também travou uma guerra de drones, cada vez mais prejudicial, contra as refinarias e os aeródromos do segundo maior exportador de petróleo do mundo, embora os grandes ataques de drones à região de Moscovo – com uma população de mais de 21 milhões de habitantes – sejam cada vez mais raros.

"Não haverá negociações"

O ataque a Moscovo ocorre no momento em que a Rússia avança no Leste da Ucrânia, onde controla cerca de 18% do território, e luta para repelir a incursão da Ucrânia na região de Kursk, o maior ataque estrangeiro em território russo desde a Segunda Guerra Mundial.

A incursão da Ucrânia em Kursk significa que não haverá conversações entre Moscovo e Kiev até que a Ucrânia seja completamente derrotada no campo de batalha, disse Dmitry Medvedev, vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, esta quarta-feira.

"A conversa de circunstância dos autoproclamados intermediários sobre o virtuoso tema da paz terminou. Mesmo que não o possam dizer em voz alta, todos reconhecem a realidade da situação", escreveu o antigo Presidente na sua conta oficial na aplicação de mensagens Telegram.

Medvedev, que se tem apresentado como um dos mais duros falcões anti-ocidentais do Kremlin, disse que as conversações de paz "prematuras e desnecessárias" que tinham sido sugeridas anteriormente "tinham perspectivas vagas e nenhum resultado tangível".

Ataque a Moscovo sem vítimas

Os meios de comunicação social russos mostraram imagens não verificadas de drones a sobrevoar o céu da região de Moscovo ao amanhecer, sendo depois abatidos numa bola de fogo pelas defesas aéreas.

Os aeroportos Vnukovo, Domodedovo e Zhukovsky de Moscovo limitaram os voos durante quatro horas, mas reiniciaram as operações normais a partir das 4h30 (hora de Portugal continental), informou o organismo de vigilância da aviação russa.

Sobyanin disse que, de acordo com informações preliminares, não houve relato de feridos ou danos no rescaldo dos ataques. O governador da região, Alexander Bogomaz, escreveu no Telegram que também não foram registados feridos ou danos após o ataque a Bryansk, no Sudoeste da Rússia.

A agência noticiosa estatal russa, RIA, informou que dois drones foram destruídos sobre a região de Tula, que faz fronteira com a região de Moscovo a norte. Vasily Golubev, governador da região de Rostov, no Sudoeste da Rússia, disse que as forças de defesa aérea destruíram um míssil lançado pela Ucrânia sobre a região, sem registo de feridos.

O Ministério da Defesa da Rússia não mencionou nem Tula nem Rostov na sua declaração sobre a lista de armas aéreas ucranianas destruídas. Os militares ucranianos disseram na quarta-feira que durante a noite atingiram um sistema de mísseis antiaéreos S-300 baseado na região de Rostov.

A Reuters não conseguiu verificar os relatórios de forma independente.

O ataque com drones a Moscovo está ao nível do ataque de Maio de 2023, quando pelo menos oito drones foram destruídos sobre a capital, num ataque que o Presidente Vladimir Putin disse ser uma tentativa de Kiev para assustar e provocar a Rússia.

Em Kursk, bloggers de guerra russos disseram que intensas batalhas estavam em andamento ao longo da frente na região onde a Ucrânia conquistou, pelo menos, 450 quilómetros quadrados do território russo.

Notícia actualizada às 10h40 com informações de ataque nocturno de drones russos à Ucrânia e de novo às 14h25 com novo título e declarações de Medvedev