Moçambique: candidato presidencial Venâncio Mondlane afasta aliança com o Chega

O político moçambicano justifica o encontro com “posição de Estado” em que é preciso falar com todos os actores politicos, independentemente de se concorar com eles.

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Venâncio Mondlane é o candidato do principal partido da oposição moçambicana LUÍSA NHANTUMBO / LUSA
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O candidato à Presidência moçambicana Venâncio Mondlane afasta qualquer aliança com o Chega, referindo que se reuniu em Julho com aquele partido de extrema-direita num encontro de cortesia, após críticas da Frelimo, partido no poder em Moçambique.

"[Eu fiz] uma visita oficial ao parlamento português e eu tenho por obrigação fazer encontros de cortesia com todos os partidos que compõem o parlamento. Foi só e absolutamente isso. Não fui ter em especial com o Chega para fazer alguma aliança, para fazer um pacto, não", afirmou Venâncio Mondlane, em entrevista à Lusa em Maputo.

Em 1 de Agosto, o líder da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), estrutura juvenil da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Silva Livone, acusou o candidato presidencial Venâncio Mondlane de se reunir com "colonialistas" na sua visita a Portugal, referindo-se ao Chega.

"Foi lá na Europa e foi reunir com um partido que são aqueles colonialistas. E lá na Europa ele disse que, quando ganhar as eleições, vai trazer aqueles de volta e vai pedir desculpa ao colono por nós os termos expulsado daqui. É isso que vocês querem", questionou, na altura, o secretário-geral da OJM, num encontro com apoiantes da Frelimo.

Venâncio disse que não está arrependido pelo encontro que teve com o vice-presidente do Chega, Diogo Pacheco de Amorim, em 23 de Julho, em Lisboa, afirmando que voltaria a reunir-se com aquela formação política "normalmente", numa nova visita ao parlamento de Portugal.

"Eu quero ser Presidente da República, tenho de assumir uma posição de Estado (...). A posição de Estado é que você não fala com as pessoas com as quais você concorda. Você não fala com as pessoas com as quais você tem convergência ideológica ou doutrinária de qualquer outra espécie, você fala com toda a gente que represente, que seja reconhecida num determinado Estado", frisou o candidato.

Durante a entrevista, o político, que nesta visita a Lisboa também se reuniu com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, avançou ainda que manifestou interesse num encontro com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, aguardando ainda um ajuste das agendas, destacando, entretanto, a parceria estratégica entre Moçambique e Portugal.

"Até posso dizer que para nós, como Moçambique, [Portugal] é um parceiro estratégico também para o acesso aos países que compõem a União Europeia", afirmou.

Mondlane foi candidato pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas eleições municipais de 2023 à autarquia de Maputo, mas abandonou o partido em que militava desde 2018 - e o cargo de deputado para o qual tinha sido eleito -, depois de não ter conseguido concorrer à liderança do maior partido da oposição no congresso realizado em Maio.

Moçambique realiza em 9 de Outubro as eleições gerais, incluindo presidenciais, legislativas e provinciais. O actual Presidente da República, Filipe Nyusi, não vai concorrer no escrutínio, por já ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.

Além de Venâncio Mondlane, também concorrem ao cargo Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), e Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.

Texto corrigido às 15h2o dando conta de que Venâncio Mondlane já não é candidato pela Renamo