Compra do Leixões pelo Flamengo está muito perto de ser anunciada

Os dois times já definiram os detalhes da operação. O Flamengo ficará com 56,66% da SAD que hoje controla o Leixões. Clube brasileiro pagou 1,5 milhão de euros (R$ 9 milhões) pelo estádio de Fão.

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Torcida do Flamengo está na expectativa do anúncio da compra do Leixões, time português Daniel Rocha
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O Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro, e o Leixões Sport Club, de Matosinhos estão muito próximos de concluir uma parceria que está agitando o mundo do futebol em Portugal. Os jogadores da base do Mengão, Werton, atacante, e Gabriel Noga, defesa, já foram incorporados ao clube lusitano e vêm treinando normalmente na sede do Leixões, que joga pela Liga 2. A meta do Flamengo, com o negócio, é levar o tradicional time português para a elite do futebol do país e, em cinco anos, disputar a Champions League.

O Presidente da agremiação do Norte de Portugal, André Castro, esteve na semana passada na capital carioca, onde se encontrou com diversas autoridades e pessoas ligadas ao futebol. Ele e o governador do Estado do Rio, Cláudio Castro, posaram para uma foto, no gabinete oficial, com as camisetas do time português em uma versão com o vermelho e preto (cores do Flamengo) e as marcas do Leixões (fundado em 1907 e que mostram uma bola, uma raquete de tênis e outra de cricket em um fundo vermelho e branco). Na ocasião, anunciaram parcerias esportivas sem entrar em detalhes.

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Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, posa com a camisa do Leixões nas cores do Flamengo e presidente da SAD, André Castro, que controla o time português, segura o atual uniforme do Leixões LeixoesSAD

Oficialmente, nenhuma das partes confirma a associação. Mas, segundo fontes consultadas pelo PÚBLICO Brasil, tanto dirigentes do Leixões quanto do Flamengo, com conhecimento do assunto, tudo está acertado entre os clubes. O martelo sobre a parceria deve ser batido nesta quinta-feira, 15 de agosto. Pelo acordo, o clube brasileiro adquiriu o controle da empresa Play Fair, dona de 56,66% da SAD (Sociedade Anônima Desportiva), dona do Leixões. O valor da operação deve chegar a 10 milhões de euros (R$ 60 milhões).

O Flamengo já está repassando recursos para o Leixões, o que permitiu ao clube português quitar parte de suas dívidas e colocar os salários dos jogadores em dia. Também estão previstos a recuperação de áreas do Estádio do Mar (sede) — algumas obras já começaram — e o investimento na formação de novos jogadores para serem negociados no mercado europeu. O zagueiro Noga, por exemplo, já aparece no site especializado Transfermarkt.com como tendo sido contratado por 100 mil euros (R$ 600 mil). Outros atletas devem ser anunciados até o fim do mês.

Da parte do rubro-negro do Rio de Janeiro, dois dirigentes que conversaram com o PÚBLICO Brasil sob anonimato admitem que “está tudo bem avançado, caminhando bem e com segurança para as duas partes”. Eles acreditam que a parceria é fundamental, pois será possível formar jogadores em Portugal e prepará-los para grandes competições.

Em relação ao Leixões, apesar de a parceria estar praticamente fechada, oficialmente, ninguém do time fala abertamente da sociedade com o Flamengo, por orientação do clube carioca. No último 29 de julho, foi realizada uma sessão de esclarecimentos com associados do Leixões sobre a entrada do clube brasileiro na SAD. O Leixões está aguardando a reunião do Conselho Deliberativo do Flamengo, nesta quinta-feira, para aprovar a aquisição da associação e anunciar finalmente a parceria. A direção do time lusitano garante, no entanto, que manterá os 40% que detém no capital social da agremiação esportiva. Além disso, defende abertamente a manutenção das cores e emblemas do clube, que consideram históricas e com grande valor sentimental.

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O zagueiro Gabriel Noga foi transferido do Flamengo para o Leixões por 100 mil euros Arquivo pessoal

Redes sociais em polvorosa

Sob o título “Já conheces a parceria Leixões-Flamengo?”, o Instagram “leixoesnews”, que reúne torcedores do time português, é um dos vários perfis das redes sociais que têm sido usados, de forma estratégica, para explicar, didaticamente, como vai funcionar a compra do clube pelo Flamengo, o que é entendido como uma forma de reduzir resistências que surjam no meio do caminho por parte dos torcedores. “A compra será dividida em três fases. Na primeira e atual fase, o Flamengo já terá mais de 50% da SAD dos Leixões, o que significa que será acionista maioritário da SAD”.

A outra ressalta: “A atual temporada já está a ser preparada em parceria com o Flamengo, como mostram transferências de Noga e Werton”, jogadores do Flamengo transferidos e que já participam de jogos e treinamentos. Em seguida, ao detalhar os “investimentos nas infraestruturas”, assinala: “Já aconteceu e vai continuar”, acrescentando que “estão previstas obras no Estádio do Mar, incluindo nos balneários (vestiários), nos acessos ao estádio, bancadas, paredes, etc.”

E afirma, taxativamente: “O Flamengo já pagou 1,5 milhão de euros (R$ 9 milhões) para ter o Complexo Desportivo de Fão”, que estava alugado ao time do Braga, obrigado a transferir suas atividades de treinamento para outro lugar. Fão fica no município de Esposende, a 45 quilômetros da sede do Leixões.

Por fim, a rede de torcedores ressalta que “os objetivos desportivos do Flamengo para o Leixões” são os seguintes: “jogar a primeira Liga portuguesa dentro de duas temporadas (25/26), o que implica subir de divisão na temporada que se inicia”. As ambições do clube de Matosinhos vão longe, no que sugere ser o combinado com o time do Rio de Janeiro: “jogar competições europeias num prazo máximo de cinco anos”. Informações que foram confirmadas ao PÚBLICO Brasil pelo lado dos dirigentes do Leixões.

O detalhamento dos objetivos da parceria mostra a preocupação dos valores e tradições do clube, ao destacar que “o emblema, as cores e o estádio não serão alterados pela nova gestão”. E acrescenta: “Existe o objetivo de voltar a conectar o clube à cidade, da mesma forma como acontecia há vários anos”. Finalmente explica que, após sessão de esclarecimento aos sócios do Leixões, em 29 de julho passado, “onde tudo decorreu como previsto e terminou com aplausos”.

O Leixões, que foi fundado por pescadores, deixa claro que falta somente a assinatura do acordo, que, segundo pessoas ligadas ao clube, deve ocorrer logo. A data coincide com o final da janela de transferências de verão no futebol europeu, conforme a legislação esportiva em vigor.

Os artigos escritos pela equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil

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