Melhor conselho? “A minha avó disse-me para eu aproveitar para usar minissaias”

Madalena Sá Fernandes, cronista e escritora, assume que é “compulsiva”: “Quase tudo aquilo de que gosto se torna depressa um vício...”

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Madalena Sá Fernandes, é escritora e cronista do PÚBLICO Matilde Fieschi
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Que rede social mais usa? Já desistiu de alguma e porquê?
Uso muito o Instagram. Desisti do LinkedIn porque não sou fã da rede nem do conceito de networking no geral.

Já se arrependeu de alguma coisa que escreveu numa rede social? O quê?
Não tanto de alguma coisa que escrevi. Mas já me arrependi de várias de coisas que publiquei nas redes sociais. Sobretudo de imagens que correspondiam a uma ilusão.

Tem a noção de quantos ex-amigos tem? Cinco? Dez? Ou nunca se zangou com um amigo?
Nunca me zanguei com um amigo a ponto de cortar relações. Trago os meus amigos comigo, a maioria desde a infância. O meu grupo é ainda o mesmo dessa altura. De alguns afastei-me naturalmente, mas nunca me zanguei.

Qual é o elogio que menos gosta que lhe façam?
É o elogio disfarçado, aquele de que saímos com a sensação de termos sido apunhalados. Já me disseram: “Tens um cabelo lindo. Se tratasses melhor dele…” O pior deste estilo que já ouvi foi à minha mãe, quando lhe disseram: “Ninguém lhe dava a idade que tem, se não fosse pela cara…”

Se pudesse viver no cenário de um romance literário, qual escolheria?
Viveria na Quinta de Palmyra do Ramon Gomes de la Cerna. Passa-se no Estoril, onde já vivo, mas mudava-me para essa casa.

Fora de Portugal, qual é o lugar onde se sente em casa? E porquê?
No Rio de Janeiro. Porque vivi lá quatro anos e é mesmo casa para mim.

Qual o melhor conselho que lhe deram na vida?
A minha mãe sempre me disse “quando não souberes o que fazer, não faças nada” e a minha avó disse-me para eu aproveitar para usar minissaias porque depois vêm as varizes e vou ter saudades.

Em que situações se considera um “chato/a”?
Chato de incómodo: a guiar, para quem vai comigo, porque não sou boa condutora e engano-me muito no caminho. Chato de aborrecido? A falar de livros com alguém que não lê.

Tem algum vício que gostaria de não ter? E um de que se orgulhe?
Sou compulsiva, quase tudo aquilo de que gosto se torna depressa um vício. Orgulho-me do vício da leitura e gostaria de não ter o do telemóvel.

Diga o nome de três portugueses vivos que admira (não vale a sua mãe nem o seu pai)...
Maria Filomena Molder, Frederico Lourenço e Maria João Pires.

Já teve algum ataque de ansiedade? Em que circunstâncias?
Já, durante a minha infância tive alguns e, mais recentemente, sempre que há uma situação que me ponha à prova, sobretudo falar em público. O último que tive foi numa entrevista para um mestrado.

E já se sentiu profundamente exausto? Foi burn-out?
Tenho duas filhas com um ano de diferença, passei pelo pós-parto de uma ao mesmo tempo que a gravidez de outra. Foi quando me senti mais exausta. Mas nunca tive burn-out.

Se lhe pedissem conselhos para uma relação amorosa feliz, o que é que diria?
Diria para não me pedirem a mim.

É vegetariano, vegan, faz alguma dieta especial? Porquê?
Não faço nenhuma dieta, adoro comer.

Qual foi o último filme que viu? E qual foi o último de que gostou?
O último que vi foi com as minhas filhas, o Divertidamente 2. O último de que gostei foi o Pierrot le Fou.

Qual o seu maior arrependimento?
Ter ficado tempo de mais onde não devia.

Qual foi a última vez que se surpreendeu?
Quando descobri a Anne Carson.

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