A ex-primeira-dama da Argentina, Fabíola Yañez, 43 anos, apresentou queixa contra Alberto Fernández, 65 anos, que ocupou o cargo de Presidente daquele país entre 2019 e 2023, por violência doméstica, no início desta semana. As alegadas agressões aconteceram quando o político ocupava o cargo. Nesta quinta-feira, a imprensa argentina publicou fotografias que mostram a mulher depois de ter sido alegadamente agredida pelo companheiro.
As fotografias foram publicadas pelo site de notícias infobae, que diz ter tido acesso às imagens numa troca de mensagens entre o casal. O infobae refere que parte das agressões aconteceram em Agosto de 2021, o jornal Clarín acrescenta que a violência continuou no ano seguinte. Numa das trocas de mensagens, em que a jornalista e actriz envia fotografias de rosto e corpo com as marcas das agressões para o companheiro, Yañez escreve: "Bates-me há três dias seguidos." Ao que Fernandéz responde: "Por favor, pára, sinto-me muito mal."
Na troca de mensagens, o também advogado pede à companheira que regresse a casa e insiste que se sente mal, que não consegue respirar. Na resposta, Yañez diz que é inexplicável ser agredida quando tudo o que faz é defendê-lo e mostra-lhe um dos braços com hematomas, afirmando que aqueles são resultado de ele a ter agarrado. E, de seguida, envia uma selfie do rosto, com um olho negro, e declara: "Este foi quando me bateste sem querer."
A denúncia foi feita ao juiz federal Julián Ercolini que é responsável por outros processos ligados ao ex-presidente. A saber: abuso de autoridade e peculato, refere o jornal La Nación. Ercolini descobriu as imagens no telefone da ex-secretária de Fernández e perguntou a Yañez se queria apresentar queixa formal. A actriz fê-lo, na terça-feira, a partir de Madrid, por videoconferência, onde vive com o filho do casal, Francisco, de 1 ano.
O juiz determinou medidas preventivas e o político está proibido de comunicar (por telefone ou redes sociais) e de se aproximar da companheira, com quem vivia desde 2014, e proibido de sair do país, onde vive, em Buenos Aires. Além das agressões físicas, Yañez queixou-se ainda de agressões psicológicas perpetradas pelo também professor, que liga com frequência para a ameaçar. Fernández recusa-se a falar sobre o caso e disse ao La Nación que "é tudo falso" e falará nas instâncias próprias.
Alberto Fernández, do Partido Justicialista de Kirchner, deixou a presidência do país com a eleição de Javier Milei, que derrotou o ex-ministro da Economia de Fernández, Sergio Massa, que venceu a primeira volta das presidenciais, mas não resistiu à segunda, no final do ano passado. Uma das primeiras medidas de Milei, que tem vindo a desmantelar o Estado, despedindo os seus funcionários, foi a de extinguir o Ministério das Mulheres, Género e Diversidade, responsável pelas políticas de prevenção e protecção de vítimas de violência doméstica, num país onde morre uma mulher a cada 35 horas vítima dessa mesma violência.