PS critica “silêncio ensurdecedor” do Governo e fala em “insegurança” para utentes

Socialistas continuam a marcar a agenda com críticas aos problemas no SNS e defendem que, se a ministra não tivesse alterado as regras, os médicos especialistas “já estariam em funções”.

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João Paulo Correia liderou a comitiva de socialistas que reuniu esta quarta-feira com o conselho de administração da unidade de saúde do Barreiro Teresa Pacheco Miranda
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O PS voltou a criticar o "silêncio ensurdecedor e inaceitável" da ministra da Saúde e do primeiro-ministro e o "passa-culpas" em relação aos problemas causados pelo encerramento de várias urgências de ginecologia e obstetrícia. Depois de se terem reunido com a administração do Hospital de Santa Maria ―​ que esta quinta-feira será visitado, em conjunto, pelo Presidente da República e por Luís Montenegro ―​ os socialistas continuam o seu périplo por unidades locais de saúde e falam em "consequências danosas" provocadas pelo executivo de Luís Montenegro devido à forma como tem lidado com o, até agora, dossier mais quente deste Governo: o Serviço Nacional de Saúde (SNS). E dizem que se a ministra da Saúde não tivesse alterado as regras dos concursos para médicos especialistas, os profissionais "já estariam em funções e alguns destes problemas não estariam a acontecer".

Nas palavras de João Paulo Correia, que liderou a reunião entre um grupo de socialistas e o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, no Barreiro, as decisões do Governo em relação à mudança da Direcção Executiva do SNS e o plano de emergência que decidiu apresentar estão "a trazer consequências danosas", destacando que quase todas as medidas estão por executar. Falando na "ganância eleitoral" que levou Montenegro a prometer soluções "imediatas" para o sector, o socialista considera que aquilo a que se assiste é a "uma confissão do falhanço" do plano e de uma das principais promessas da Aliança Democrática.

O PS repetiu que a situação "que se vive hoje no SNS é bem mais grave do que há um ano", afastou responsabilidades do anterior Governo socialista e criticou a opção deste executivo de deixar de divulgar informação actualizada sobre quais são as urgências abertas, um serviço que era usado sobretudo na obstetrícia. "Essa informação foi retirada com o objectivo de esconder os problemas e as dificuldades", acusou João Paulo Correia, que fala ainda em "falta de transparência" e na consequente sensação de "insegurança" para os utentes, uma crítica em linha com a avaliação que tem sido feita pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

As críticas ao Governo não têm parado. À imagem do PCP, o PEV, em comunicado, veio esta quarta-feira responsabilizar a transferência de recursos para o privado pela incapacidade de resposta do SNS e exigir “medidas urgentes” ao Governo.

Esta quinta-feira, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa e da ministra da Saúde, Luís Montenegro não deverá evitar o tema, depois de no início desta semana ter fugido ao assunto quando questionado pelos jornalistas, à margem da sua visita ao final da nona etapa da 85.ª Volta a Portugal. Fazendo um paralelismo entre as exigências da governação e uma prova de ciclismo, o primeiro-ministro declarou que a sua equipa estava preparada "para trepar montanhas, sprintar quando é preciso, e rolar quando é preciso rolar". Agora, terá de começar a mostrar que, no que diz respeito ao plano de emergência para a saúde, a montanha não pariu um rato.

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