Mais um dia de protestos violentos no Reino Unido

Liverpool, Sunderland, Hull, Londres e Belfast foram algumas das cidades em que houve confrontos com a polícia este sábado. Vários agentes tiveram de ser assistidos no hospital.

Foto
Manifestantes de extrema-direita e anti-racistas confrontaram-se em várias cidades, como Liverpool Belinda Jiao / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:08

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O recrudescimento da violência nas ruas de várias cidades britânicas no sábado provocou ferimentos em agentes da polícia, que enfrentaram o quarto dia de agitação depois do assassínio de três meninas em Southport, incluindo uma portuguesa.

Os motins, que envolvem centenas de manifestantes anti-imigração, eclodiram em várias cidades nos últimos dias depois de informações falsas, de que o suspeito do ataque com faca era um imigrante muçulmano radical, se terem propagado rapidamente nas redes sociais.

A polícia disse que o suspeito, Axel Rudakubana, de 17 anos, nasceu em Cardiff, no País de Gales, mas os protestos de manifestantes anti-imigração e anti-muçulmanos continuaram, descambando em violência e tumultos.

Depois de Sunderland, na sexta-feira à noite, a polícia de Liverpool informou este sábado que vários agentes ficaram feridos ao lidar com uma "desordem grave" no centro da cidade.

As autoridades da cidade de Hull, no leste do país, informaram que quatro pessoas foram presas e três polícias ficaram feridos ao lidar com protestos em que os manifestantes atiraram garrafas.

As mesquitas de todo o país foram aconselhadas a reforçar a segurança e a polícia enviou mais agentes para as suas imediações.

O primeiro-ministro Keir Starmer, que enfrenta o seu primeiro grande teste desde que foi eleito há um mês, condenou a "extrema-direita" pela violência e apoiou a polícia para que tomasse medidas enérgicas. Segundo o seu gabinete, Starmer esteve reunido com os ministros para debater os motins.

A última vez que o Reino Unido viveu uma vaga de violência generalizada foi em 2011, quando milhares de pessoas saíram às ruas por cinco noites depois de a polícia ter matado a tiros um homem negro em Londres.

Testemunhas em Liverpool, Leeds, Manchester e Belfast relataram à Reuters uma atmosfera tensa na tarde de sábado, enquanto a polícia tentava evitar que centenas de manifestantes em barricadas opostas, que entoavam slogans, entrassem em confronto.

Houve rixas e violência em algumas cidades, inclusive em Liverpool, onde foram atirados ovos, latas de cerveja e granadas de fumo, enquanto em Belfast algumas empresas relataram ter sofrido danos à sua propriedade.

"Não sei porque é que eles nos atacaram", disse Rahmi Akyol, do lado de fora da sua cafetaria em Belfast, cujas portas de vidro foram partidas depois de serem atacadas por dezenas de pessoas que atiraram garrafas e cadeiras. "Moro aqui há 35 anos. Os meus filhos e a minha mulher são daqui. Não sei o que dizer, é terrível", disse ele.

Em protestos em Londres, a polícia deteve várias pessoas, incluindo uma por fazer uma saudação nazi a um manifestante contrário.

Na noite de sexta-feira, centenas de manifestantes anti-imigração em Sunderland atiraram pedras à polícia com equipamento antimotim perto de uma mesquita, antes de capotarem veículos, incendiarem um carro e atearem fogo perto de uma esquadra da polícia.

Quatro polícias feridos foram levados para o hospital e 12 pessoas foram detidas, disse Mark Hall, superintendente-chefe de polícia da área de Sunderland, aos repórteres no sábado. "Isso não foi um protesto. Foi uma violência e desordem imperdoáveis", disse Hall.

Pelo menos 30 manifestações estavam marcadas em todo o Reino Unido neste fim-de-semana, disse a BBC, juntamente com uma série de contraprotestos de grupos anti-racismo.