Caixa sobe lucros para 889 milhões no primeiro semestre

Os resultados do banco público foram impulsionados pela actividade comercial e pela margem financeira, que continuou a aumentar apesar da descida dos juros.

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Paulo Macedo está a chegar ao fim do seu mandato à frente da CGD MIGUEL A. LOPES / LUSA
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reportou um resultado líquido de 889 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, valor que representa um aumento superior a 46% face aos lucros de 608 milhões de euros alcançados em igual período do ano passado. Os resultados do banco público voltaram a ser impulsionados pela margem financeira, que continuou a crescer apesar de as taxas de juro já estarem a baixar, bem como pelo aumento da actividade comercial.

Os resultados foram divulgados, nesta quarta-feira, em comunicado enviado pelo banco público à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). "A Caixa fechou o primeiro semestre de 2024 com um resultado líquido consolidado de 889 milhões de euros, beneficiando do crescimento do volume de negócios, da evolução positiva da margem financeira e de um menor custo do risco, sustentado num cenário macroeconómico mais favorável", pode ler-se no comunicado.

A margem financeira (indicador que mede a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) ascendia a 1426 milhões de euros no final de Junho, mais 8,3% do que no primeiro semestre do ano passado. Esta evolução é registada apesar de, por esta altura, as taxas de juro já estarem em queda, depois de um largo período de subidas. Em Junho, a taxa de juro média do conjunto dos contratos de crédito à habitação em Portugal situou-se em 4,513%, baixando pelo quinto mês consecutivo.

A Caixa justifica este crescimento da margem financeira apesar do contexto de descida das taxas de juro com a evolução positiva da actividade comercial, que terá sido suficiente para compensar a queda dos juros. "O crescimento da actividade doméstica impulsionou o crescimento dos juros recebidos e pagos face ao período homólogo, mesmo considerando o decréscimo das taxas de juro nas operações activas da Caixa face aos valores máximos registados no final de 2023", detalha a instituição liderada por Paulo Macedo, destacando, ainda, que o aumento dos juros pagos pelos depósitos teve um impacto negativo em 31 milhões de euros.

Ainda do lado operacional, a Caixa reduziu os custos de estrutura em 4,1%, para um total de 533,5 milhões de euros, uma queda explicada pela diminuição nos custos com pessoal, reflectindo "efeitos extraordinários relacionados com o programa de reestruturação de pessoal".

Já as receitas obtidas por via de serviços e comissões mantiveram-se praticamente inalteradas, nos 288,8 milhões de euros, uma queda de apenas 0,1% em relação ao ano passado, evolução que a Caixa justifica com o facto de ter mantido os preçários inalterados, bem como pela aplicação de isenções a clientes. Por outro lado, os resultados de operações financeiras derraparam mais de 42%, fixando-se em 88,2 milhões.

O produto global da actividade da Caixa ascendeu, assim, a perto de 1,8 mil milhões de euros no final do primeiro semestre, um crescimento de 1,4% em relação ao ano passado.

A acompanhar o movimento do resultado operacional, também do lado comercial a Caixa regista um desempenho positivo. A carteira total de crédito a clientes ascendeu a 53,7 mil milhões de euros, um aumento de 2% em relação ao final do ano passado que é explicado, sobretudo, pelo segmento de empresas, onde a carteira de crédito cresceu 3,7%. Já a carteira de empréstimos a particulares ficou praticamente inalterada, com um aumento de apenas 0,3%.

Essa estagnação acontece numa altura em que muitas famílias têm amortizado antecipadamente a totalidade ou parte dos créditos à habitação, num contexto de juros elevados. Ainda assim, a Caixa salienta o crescimento acentuado da concessão de novo crédito à habitação, que ascendeu a 1582 mil milhões de euros no primeiro semestre (a larga maioria, ou 89%, a taxa fixa ou mista).

Ainda no que diz respeito ao crédito, o banco registou uma ligeira deterioração na qualidade da carteira e aumentou o rácio de NPL (non-performing loans, indicador utilizado para medir o nível de malparado) de 1,65% no final do ano passado para 1,66% no primeiro semestre deste ano. Isto, num período em que a Caixa reverteu provisões e imparidades, no valor de 41 milhões de euros, por considerar que há uma "melhoria do enquadramento macroeconómico acima do esperado".

Já os depósitos aumentaram em mais de 4%, para quase 84 mil milhões de euros no final de Junho.

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