Paris2024: estreante Maria Tomé “voou” na bicicleta para ser 11.ª no triatlo

Atleta portuguesa recuperou 28 lugares, 19 dos quais no ciclismo, segmento no qual foi mesmo a melhor entre todas as participantes. Cassandre Beaugrand conquistou o ouro.

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As triatletas Melanie Santos (dir.ª) e Maria Tomé (esq.ª) durante a prova de triatlo nos Jogos Olímpicos de Paris JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Maria Tomé impressionou hoje na sua estreia olímpica, ao ser 11.ª na prova feminina de triatlo de Paris2024, protagonizando uma recuperação extraordinária, depois de ser a melhor no segmento de ciclismo. Para alcançar o quinto melhor resultado de sempre do triatlo português em Jogos Olímpicos, a jovem de 23 anos cumpriu a prova em 01:57.13 horas, a 02.18 minutos da vencedora, a francesa Cassandre Beaugrand, enquanto Melanie Santos foi 45.ª, a 08.53 minutos.

Depois de sair da natação na 39.ª posição, Maria Tomé recuperou 28 lugares, 19 dos quais no ciclismo, segmento no qual foi mesmo a melhor entre todas as participantes, incluindo Cassandre Beaugrand, que conquistou o ouro em 01:54.55 horas, para alegria dos milhares de franceses que madrugaram para assistir à prova.

O pódio ficou completo com a suíça Julie Derron, medalha de prata, e a britânica Beth Potter, bronze, com mais seis e 15 segundos, respectivamente.

A notícia chegou às 04h00 parisienses, através de uma foto publicada pela World Triathlon no X com a legenda "Vamos nadar". A organização de Paris2024 e a federação internacional sabiam que a "janela" para evitarem que o triatlo passasse a duatlo se esgotava hoje, uma vez que choveu toda a noite e há promessa de mais chuva para quinta-feira, o que "automaticamente" degradará a qualidade da água e tornaria inviável o dia de contingência, inicialmente agendado para 2 de Agosto.

Os resultados das últimas análises, realizadas na tarde de terça-feira e recebidos pelas entidades às 03h20 locais — é incompreensível que demorem tanto tempo —, revelaram que a água do Sena estava finalmente conforme e que tanto a prova feminina como a masculina poderiam acontecer.

Sabe-se, portanto, que quando as triatletas entraram na água e depois de uma noite de chuva intensa, os níveis bacteriológicos já seriam certamente diferentes, mas nada disso perturbou as 56 desportistas que partiram da Ponte Alexandre III para 1500 metros no rio parisiense, interdito a banhos desde 1923.

Maria Tomé saiu da água na 39.ª posição, a 02.12 minutos de Flora Duffy, enquanto Melanie Santos era 41.ª, a 02.15, quando iniciou os 40 quilómetros de ciclismo. A triatleta de 29 anos sofreu uma penalização de 15 segundos no segmento de natação, por ter falhado uma bóia e ainda teve o azar de deixar cair o capacete quando fazia a transição para a bicicleta.

Apesar de já não chover, a estrada molhada fez várias "vítimas", com as quedas a sucederem-se, com mais ou menos aparato, mas deixando as portuguesas ilesas.

Julie Derron fez a transição da bicicleta para a corrida na frente, com Tomé, protagonista de uma excelente recuperação, a ser nessa altura 20.ª, a 01.08 minutos da suíça, depois de ser a mais rápida entre todas as triatletas, nesse sector, que cumpriu em 57.34. Já Santos, que em Tóquio2020 foi 22.ª, estava em quebra, sendo apenas 43.ª, a 04.35.

Estreante em Jogos, a triatleta de 23 anos "galgou" posições no segmento de corrida e ainda encontrou forças extra para bater a alemã Nina Eim ao sprint, na luta pelo 11.º lugar, decidido com recurso da photo finish, o mesmo método usado para definir que Santos foi 45.ª.

Maria Tomé conseguiu mesmo o quinto melhor resultado de sempre do triatlo luso em Jogos Olímpicos, depois da prata de Vanessa Fernandes, em Pequim2008 — tinha sido oitava quatro anos antes —, do quinto lugar de João Pereira no Rio2016 e do nono de João Silva em Londres2012.