Agência Europeia de Medicamentos disponível para acelerar aprovação de medicamentos com propriedades psicadélicas

A EMA mostra-se disponível para colaborar no desenho dos ensaios clínicos e assim acelerar e facilitar a aprovação de novos medicamentos para o tratamento da depressão mais resistente.

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A EMA quer articular a investigação dos tratamentos com esta substância e a produção de medicamentos com propriedades psicadélicas seguros e eficazes. Rui Gaudêncio
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A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) publicou o relatório de um workshop sobre substâncias psicadélicas, em Abril passado, no qual reconhece que há uma rápida evolução da utilização da cetamina em novas abordagens terapêuticas, que se traduzem no aumento do número de ensaios clínicos.

“Embora o potencial terapêutico dos psicadélicos esteja a ganhar reconhecimento entre clínicos e reguladores, o desenvolvimento de medicamentos psicadélicos seguros e eficazes é um processo complexo”, lê-se no relatório citado. Os peritos da EMA estão de acordo quanto à necessidade de reduzir as “lacunas de conhecimento na área” e de gerar “dados confiáveis e válidos”.

No fundo, a preocupação da agência de medicamentos passa pela articulação entre a investigação dos tratamentos com esta substância e a produção de medicamentos com propriedades psicadélicas seguros e eficazes, de modo a “facilitar a sua implementação no arsenal terapêutico”.

Existem ainda vários obstáculos a que tal aconteça. Desde as restrições à sua produção ao facto de estas substâncias estarem legalmente sob controlo, da necessidade de envolvimento dos órgãos que regulam os profissionais de saúde às dúvidas sobre a relação custo-eficácia para efeitos de comparticipação nos serviços de saúde nacionais.

A EMA mostra-se disponível para colaborar no desenho dos ensaios clínicos e assim acelerar e facilitar a aprovação de novos medicamentos. O psiquiatra Pedro Castro Rodrigues considera que há uma diferença substancial entre a Agência Europeia de Medicamentos e a sua congénere dos EUA, a FDA, que é a “abertura para lidar com a componente psicoterapêutica do tratamento”.

“A EMA reconhece que estas são substâncias particulares, no sentido em que são diferentes de muitos outros medicamentos”, prossegue Pedro Castro Rodrigues, “e que as intervenções incluem uma componente medicamentosa e uma componente psicoterapêutica.”

A agência afirma que está disponível para colaborar com os promotores e com as instituições que estão a fazer investigação, para que estes tratamentos sejam oferecidos da forma mais segura, mesmo que isso implique uma intervenção psicológica ou psicoterapêutica como parte do tratamento.

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