Ataque israelita em Beirute terá tido como alvo comandante do Hezbollah

Ataque terá sido resposta de Israel a ataque do Hezbollah a localidade drusa no fim-de-semana. Não é claro se o comandante sobreviveu.

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Imagem do que fontes de segurança libanesas disseram ser um ataque israelita contra um comandante do grupo xiita Hezbollah Ahmad Al-Kerdi / REUTERS
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Um ataque israelita atingiu um importante comandante do Hezbollah nos subúrbios sul de Beirute ao fim da tarde de terça-feira, informou uma fonte de segurança libanesa, acrescentando que o destino do comandante permanece incerto.

Mais tarde, duas fontes libanesas afirmaram que o comandante teria sobrevivido. E, ainda mais tarde, fontes citadas pelos media sauditas Al Hadath e Al Arabiya​ diziam que teria morrido. De Israel, o Exército anunciou ter levado a cabo um ataque, mas não acrescentou qualquer informação sobre se o ataque tinha cumprido o objectivo. E, passadas algumas horas, fontes diziam a jornalistas israelitas que havia cada vez mais sinais de que o comandante, Fuad Shukr, teria mesmo morrido. Mas não havia confirmação oficial de nenhum dos lados.

Uma fonte israelita citada pelo diário Haaretz disse que esta era a resposta ao ataque do Hezbollah nos Montes Golã que no fim-de-semana matou 12 crianças e adolescentes num campo de futebol, e que Fuad Shukr era considerado o responsável pelo ataque.

Também conhecido como Hajj Muhassin, trata-se de um importante chefe das actividades militares do movimento xiita libanês. O jornalista Yossi Melman dizia que será o "número dois ou três" no comando militar do Partido de Deus.

O Times of Israel informava, por seu lado, que Shukr era responsável pelo projecto de mísseis de precisão do movimento e era tido como o responsável pelo ataque nos Montes Golã (que o Hezbollah nega ter sido da sua autoria e terá sido provavelmente um erro, já que os drusos daquela zona mantêm cidadania síria e têm apenas residência permanente em Israel, e não cidadania). Shukr está, ainda, numa lista de pessoas procuradas pelos EUA pelo seu papel num ataque de 1983, durante a guerra civil libanesa, contra o quartel-general dos marines norte-americanos em Beirute, que deixou 241 mortos.

Ainda segundo o Departamento de Estado dos EUA, que oferecia cinco milhões de dólares por informação relativa ao paradeiro de Shukr, este foi uma figura central nas operações militares do Partido de Deus na Síria, onde, junto com militares do Irão, os combatentes do Hezbollah lutaram em defesa do regime de Bashar al-Assad.

A notícia do ataque surgiu quando se ouviu uma forte explosão e foi vista uma nuvem de fumo sobre os subúrbios sul da capital libanesa, um bastião do grupo armado apoiado pelo Irão, por volta das 19h40 (16h40 em Portugal continental), segundo uma testemunha da Reuters.

Pouco depois do ataque, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, escreveu na rede social X (antigo Twitter): "O Hezbollah ultrapassou um limite."

Há dias que Beirute se encontra em estado de alerta face a um previsível ataque israelita em retaliação por um ataque nos Montes Golã, ocupados por Israel, que matou 12 crianças e adolescentes. Algumas companhias aéreas suspenderam voos de ligação a Beirute, e alguns países, como a Alemanha ou o Reino Unido, aconselharam os seus cidadãos a saírem do Líbano.

Os EUA não demoraram a reagir, dizendo que mantém a pressão diplomática para tentar evitar uma escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah.

“Continuamos a trabalhar para uma resolução diplomática que possa permitir o regresso dos civis israelitas e libaneses às suas casas”, disse um porta-voz do Departamento de Estado. “Queremos evitar qualquer tipo de escalada.”

Da Casa Branca, uma declaração dizia que os EUA não consideram que uma guerra entre Israel e o Hezbollah “seja inevitável”.

O Governo libanês condenou o ataque e, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdallah Bou Habib, informou que planeia apresentar uma queixa às Nações Unidas.

O ministro disse ainda à Reuters que espera que qualquer resposta do grupo armado libanês Hezbollah não provoque uma escalada.