Netanyahu promete de novo “resposta dura” a ataque nos Golã

Fontes israelitas falam da possibilidade de um ataque limitado mas significativo, já que uma guerra não é do interesse de Israel (e nem do Hezbollah).

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Memorial no campo de futebol onde no fim-de-semana morreram 12 crianças e adolescentes ATEF SAFADI / EPA
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, repetiu nesta segunda-feira que uma resposta “dura” ao ataque atribuído ao Hezbollah que matou 12 crianças e adolescentes nos Montes Golã era “inevitável”. Que era inevitável era certo. Quão dura será, está a ser alvo de muita especulação.

A tensão levou a medidas que mostram o temor na região, como o cancelamento de voos para Beirute por companhias como a Lufthansa ou a Royal Jordanian ou o apelo de países para que os seus cidadãos saiam do Líbano (como a Alemanha). Nesta segunda-feira, ataques com drones deixaram dois mortos e cinco feridos no Sul do Líbano, com o Hezbollah a dizer que os mortos eram membros do movimento.

Vários analistas sublinhavam que uma guerra directa não é do interesse nem de Israel nem do Hezbollah (nem do Irão, que apoia o movimento xiita libanês) e, a coberto do anonimato, fontes israelitas diziam o mesmo. “Não estimamos que a resposta leve a uma guerra total – isso não seria do nosso interesse neste ponto”, declarou uma delas, citada pela Reuters.

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O jornalista especialista em segurança e defesa Amos Harel, do diário israelita Haaretz, dizia que, apesar da retórica, muitos dos responsáveis israelitas a ameaçar “guerra total” estão “bem conscientes dos limites de qualquer acção das IDF [Forças de Defesa de Israel]”, como “a demora da chegada de armas de precisão dos EUA, a sobrecarga nos soldados de combate, tanto a fazer serviço obrigatório como reservistas, e as dificuldades de uma incursão no Sul do Líbano”, enumera.

A guerra de 2006, a última vez em que houve uma incursão terrestre israelita no Sul do Líbano, terminou com pesadas consequências para Israel e para o Líbano (e com o fortalecimento do Hezbollah, que acabou por ser visto como sendo capaz de enfrentar o mais poderoso exército da região).

O diário de grande circulação Yediot Ahronot citava, pelo seu lado, responsáveis dizendo que a resposta israelita seria “limitada mas significativa”.

As fontes ouvidas pela agência Reuters disseram que entre as opções de acção estavam um ataque limitado a infra-estruturas, incluindo pontes, centrais eléctricas ou portos, ataques contra locais de armazenamento de armas do Hezbollah ou ataques contra comandantes do Hezbollah.

Na análise no Haaretz, Harel escrevia, no entanto, que o bombardeamento de infra-estrutura civil, proposta como “solução mágica” por algumas pessoas, “não deveria ajudar, já que o governo libanês não tem praticamente influência sobre as decisões do Hezbollah”.

O movimento xiita libanês lançou projécteis contra Israel na sequência da resposta do Estado hebraico ao ataque do Hamas de 7 de Outubro, levando o Governo israelita a ordenar a retirada das populações que vivem mais perto da fronteira, pessoas que estão, tal como as das comunidades atacadas a 7 de Outubro no sul, alojadas temporariamente em hotéis. Ainda assim, a resposta do Hezbollah ficou longe de um ataque em larga escala, como teria chegado a esperar o Hamas.

A localidade alvo do ataque do fim-de-semana (que o Hezbollah nega ser da sua autoria, dizendo que estes drusos não são “um alvo”) é especial, já que se trata de uma localidade drusa nos Montes Golã, território sírio que Israel ocupou na sequência da guerra de 1967 e anexou em 1981, com habitantes que continuam a ter uma identidade síria e não quiseram, em geral, obter a cidadania israelita, ao contrário da maioria dos drusos de Israel, que são encarados como especialmente leais ao Estado, servindo no exército.

Netanyahu visitou nesta segunda-feira Majdal Shams, algo que, sublinhou a jornalista freelance Noga Tarnopolsky na rede social X (antigo Twitter), ainda não fez com as comunidades do sul atacadas a 7 de Outubro pelo Hamas.

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