A Auto Sueco nasceu de um casamento entre o Norte do país e o Norte da Europa
Empresa foi fundada em 1949 e fez do Porto a sua casa. Actualmente, o grupo é distribuidor exclusivo de camiões e autocarros Volvo para Portugal.
Pouco tempo depois da sua fundação, em 1927, ano em que exibiu o ÖV4, também conhecido por “Jakob”, a sueca Volvo começou a olhar com interesse para fora de fronteiras. Foi nessa senda, de expandir o seu mercado, que encontrou em Portugal um norueguês nascido no bairro da Sé, no Porto. Luiz Óscar Jervell, filho de pai norueguês, nascido em Molde, e de mãe portuguesa, de Boticas, foi recrutado, em 1933, por Gunnar Wingren, inspector responsável pela exportação da Volvo, para assumir o papel de importador da marca. Pouco tempo depois, chegavam a Portugal as primeiras unidades Volvo da série 70.
Mas a marca Auto Sueco ainda teria de esperar alguns anos até ser registada, até porque a sua origem seria entrelaçada com contratempos. Foi no início da década de 1940 que o norueguês Yngvar Poppe Jensen (n. 1911, Haugesund), um inspector técnico para a assistência pós-venda da Volvo, que se deslocava com regularidade a Portugal, se viu impedido de regressar ao país natal, invadido pelas forças alemãs. E a sua estada no Porto, onde tinha já criado fortes laços de amizade com Jervell, lançaria as últimas sementes para a criação da marca. A Auto Sueco foi registada a 1 de Abril de 1949, e João Pinto de Freitas, na altura chefe da contabilidade, foi nomeado gerente, tendo vindo, mais tarde, a exercer funções de director-geral, tornando-se também sócio.
A empresa dedicou-se então a gerir a importação da marca sueca, mas também a garantir a assistência e o serviço pós-venda, alargando a sua rede de oficinas e concessionários, o que a levou a constituir a Auto Sueco Coimbra (actual Ascendum) e, já na década de 1990, a expandir-se para fora de portas, com a criação de uma sucursal em Angola (1991) e com a aquisição da Volaquinaria de Construcción España (1999). Pelo meio, em 1994, alargou a sua área de negócio para representar a Kohler, empresa norte-americana que fabrica, além de produtos de canalização, mobiliário, armários e azulejos, motores e geradores.
Já neste milénio, entre outros negócios, a Auto Sueco adquiriu o Grupo Civiparts (2003) e criou a ASC Construction Equipment USA (2004, actual Ascendum USA), tendo prosseguido o investimento em Angola, com a distribuição dos produtos da Volvo Construction Equipment (2005) e alargando o seu teatro de operações ao Botswana (2006).
Seguiu-se o Brasil, com a Auto Sueco Centro-Oeste (2007), responsável pela distribuição de camiões e autocarros Volvo nos estados de Mato Grosso, Randónia e Acre. Em 2008, o grupo deixa de ser o importador de ligeiros da Volvo para Portugal, com a criação da Volvo Cars Portugal, mantendo, porém, as operações dos camiões e dos autocarros. Enquanto isso, lá fora, continuou a crescer no Brasil, com a Auto Sueco S. Paulo e marcando posição na Turquia (2010).
O grupo passou a barreira dos mil milhões de euros de facturação, em 2012, o que levou, no ano seguinte, ao nascimento do Grupo Nors. Mas foi só a 1 de Outubro de 2018 que se assinalou o início da actividade da nova Auto Sueco Portugal, S.A., com a transição jurídica de alguns negócios da Auto Sueco para o Grupo Nors.
Apesar do crescimento, Tomás Jervell, que assume o cargo de CEO do Grupo Nors, salienta, num comunicado lançado em 2023, por altura dos 90 anos da empresa, que “a história da Nors é, na verdade, a história da minha família”, que também se relata no Museu Auto Sueco, em Vila Nova de Gaia, onde também se propõe uma viagem às raízes da Volvo, através de máquinas, camiões e peças. “Aos dias de hoje, com a imensa imprevisibilidade dos tempos, não é fácil encontrar empresas que tenham histórias tão longas e permanentes como a da Nors”, sublinha Jervell no mesmo comunicado.
Entre os accionistas contam-se ainda descendentes de Jensen, que, segundo a Forbes, detêm, através da Cadena – Sociedade Gestora de Participações Sociais, 31% do Grupo Nors, posicionando-se no 23.º lugar dos mais ricos de Portugal.
Actualmente, detalha a Forbes, o Grupo Nors divide-se entre a Nors Mobility, a Nors Off-Road, a Nors AfterMarket e a Nors Ventures, sendo que a Auto Sueco se insere na primeira área de negócio. O Nors está presente em 17 países de quatro continentes, entre os quais Portugal, Canadá, EUA, Brasil, Angola, Turquia, Espanha e Áustria, tendo mais de 4200 colaboradores e um volume de negócios agregado de 2800 milhões de euros. Já a Auto Sueco Portugal, lê-se no site da empresa, conta com uma equipa de 300 pessoas, 250 das quais numa rede de assistência de oito oficinas próprias, às quais acresce um Centro de Colisão dedicado a viaturas pesadas de todas as marcas.