Jennifer Aniston ataca J.D. Vance por dizer que mulheres sem filhos são “senhoras dos gatos”

“Não consigo acreditar que este é um potencial vice-presidente dos Estados Unidos”, lamentou a actriz, recuperando uma entrevista de 2021 de Vance à Fox News.

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Jennifer Aniston já falou sobre a luta contra a infertilidade Reuters/Mario Anzuoni
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Jennifer Aniston deixou claro de que lado está nas eleições norte-americanas e apontou o dedo ao candidato a futuro vice-presidente, J.D. Vance, que critica as mulheres sem filhos. “Não consigo acreditar que este é um potencial vice-presidente dos Estados Unidos”, escreveu a actriz no Instagram, onde partilhou um vídeo de 2021 em que Vance declarava que os EUA estão a ser geridos por “senhoras dos gatos que têm vidas miseráveis”.

“Tudo o que posso dizer, Mr. Vance, é que rezo para que a sua filha seja suficientemente afortunada para, um dia, ter filhos. Espero que não tenha de recorrer à FIV (Fertilização in vitro) como segunda opção. Porque também está a tentar tirar-lhe isso”, escreveu Aniston, nesta quarta-feira.

Em causa está uma entrevista do candidato republicano ao polémico jornalista Tucker Carlson da Fox News, em 2021. Na entrevista, Vance diz que o país tem sido gerido por mulheres sem filhos “que se sentem infelizes com as suas próprias vidas e com as escolhas que fizeram e, por isso, querem tornar o resto do país infeliz também”.

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E o republicano não se coibiu de usar como exemplo a vice-presidente dos EUA ─ agora candidata à presidência, depois da desistência de Joe Biden. “É um facto básico ─ basta olhar para Kamala Harris, Pete Buttigieg, Alexandria Ocasio-Cortez ─ todo o futuro dos Democratas é controlado por pessoas sem filhos. E como é que faz sentido entregarmos o nosso país a pessoas que não têm um interesse directo nele?”

Kamala Harris é a madrasta dos dois filhos do marido, Dough Ehmoff: Cole de 29 anos e Ella, de 25. Os enteados são uma referência constante nos discursos de Harris, ou como os jovens a chamam, ‘Momala’ ─ um trocadilho entre as palavras mãe (mom, em inglês) e Kamala. Em 2021, durante a campanha eleitoral num comício em Wilmington, no Delaware, a então candidata disse que já teve “muitos títulos ao longo da carreira”, mas o que terá “sempre mais significado” é o de ‘Momala’.

Já J.D. Vance e a mulher, Usha, têm três filhos: Ewan, de 6 anos, Vivek de 4 e Mirabel, com 2 anos. Um ano antes de o republicano ter sido eleito para o Senado, em 2021, defendeu uma nova forma de aumentar a força política das famílias — dando aos pais a capacidade de votar em nome dos seus filhos. Uma ideia difícil de concretizar quando há filhos de famílias monoparentais, de pais divorciados ou de pais que são imigrantes ilegais mas as crianças têm cidadania, por exemplo. Como votariam os pais pelas crianças quando não concordassem politicamente, questionou-se na altura.

A publicação de Jennifer Aniston não é surpreendente, uma vez que a actriz já falou abertamente sobre a sua luta contra a infertilidade. Em 2022, numa entrevista à revista Allure, desabafou sobre a jornada com a FIV. “Diria que durante o fim dos meus 30, 40 anos, tenha passado por situações muito difíceis e se nunca tivesse passado por isso, nunca me teria tornado quem estava destinada a ser.”

E confessou. “Estava a passar por FIV, a beber chás chineses, tudo. Estava a tentar de tudo para que acontecesse [engravidar]. Teria dado qualquer coisa para que alguém me dissesse: ‘Congela os teus óvulos. Faz um favor a ti própria’.” A actriz de 55 anos não chegou a ter filhos, apesar dos constantes rumores na imprensa sobre possíveis gravidezes.

O ataque dos republicanos às mulheres sem filhos não é novidade. Recentemente, o cronista John Mac Ghlionn da Newsweek acusou Taylor Swift de ser um “péssimo modelo a seguir” para as jovens por ter “34 anos e continuar solteira e sem filhos”. E escreveu: “Embora o talento musical e a perspicácia empresarial de Swift sejam certamente admiráveis e até louváveis, temos de perguntar se as suas escolhas pessoais são aquelas que queremos que as nossas irmãs e filhas imitem.”

Este tipo de ataque, diziam os especialistas em questões de género, é reflexo do “duplo padrão sexual” na sociedade e é também uma tentativa de descredibilizar as celebridades que apoiam o Partido Democrata. Nesta semana, foram várias as personalidades a reagir à desistência de Biden e à candidatura de Kamala Harris, incluindo George Clonney, Cardi B, Mark Ruffalo, Spike Lee ou Ariana Grande.

Para já, ainda não está confirmado o apoio oficial da Taylor Swift à candidatura de Harris, apesar de circularem rumores nas redes sociais sobre um concerto de angariação de fundos protagonizado pela artista de Love Story e por Beyoncé, que cedeu a música Freedom para ser usada durante a campanha presidencial de Kamala Harris.

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