No primeiro comício, Kamala Harris trata Trump como mais um criminoso
Recordando o seu passado como procuradora, a candidata democrata diz conhecer “o tipo de Donald Trump” e fez várias promessas. A renovada campanha dos democratas está em curso.
No primeiro discurso num comício após a desistência de Joe Biden à candidatura à Casa Branca, Kamala Harris atacou o seu adversário, Donald Trump, e prometeu apoiar a classe média e reverter as limitações ao direito ao aborto.
A acção de campanha de Harris em Milwaukee já estava marcada, mas ganhou uma importância acrescida após a desistência de Biden no domingo. Discursando sabendo que já tinha reunido o número mínimo de delegados necessários para garantir a nomeação pelo Partido Democrata, Kamala Harris desferiu ataques a Trump fazendo valer o seu passado como procuradora e recordando que o republicano foi o primeiro ex-Presidente condenado criminalmente.
“Encontrei criminosos de todos os tipos: predadores que abusaram de mulheres, burlões que enganaram consumidores, batoteiros que quebraram as regras para ganho próprio”, disse a candidata democrata, acrescentando: “Portanto, escutem-me quando digo que conheço o tipo de Donald Trump.”
A imprensa norte-americana nota que a troca de Biden por Harris parece estar a conseguir dar um novo ânimo à campanha democrata, que espera contrariar as sondagens que atribuem a Trump uma ligeira vantagem em alguns dos estados decisivos.
“O caminho para a Casa Branca passa pelo Wisconsin, e para vencer no Wisconsin contamos convosco aqui em Milwaukee”, disse Harris.
Entre as primeiras promessas de campanha, a candidata democrata disse ter o objectivo de “fortalecer a classe média” e travar as “proibições radicais ao aborto” propostas pelos republicanos. Os democratas “confiam nas mulheres para tomarem decisões sobre os seus corpos”, afirmou.
À semelhança da estratégia de Biden, Harris quis sublinhar as diferenças entre as visões de futuro para os EUA entre os democratas e os republicanos. “Queremos viver num país de liberdade, compaixão e Estado de direito ou num país de caos, medo e ódio?”, perguntou.
Harris protagoniza uma campanha inédita na História dos EUA, ao assumir a candidatura à Casa Branca na sequência da desistência de Biden, anunciada no domingo ao fim de semanas de intensa pressão proveniente do Partido Democrata para que desistisse da sua reeleição.
O principal receio de que o partido se apresentasse dividido parece ter ficado para trás. Em poucos dias, os principais dirigentes democratas congregaram-se em torno de Harris, que já tem garantido o número mínimo de delegados para que seja nomeada na convenção no próximo mês e tem conseguido atrair um valor recorde de doações financeiras – desde domingo à noite, a campanha recebeu cem milhões de dólares, a maioria dos quais de pessoas que contribuíram pela primeira vez para uma campanha política, segundo a CNN.
A campanha de Trump apresentou uma queixa contra a campanha democrata, alegando irregularidades na transferência dos fundos após a saída de Biden da corrida.
Pouco antes de subir ao palco no Wisconsin, Harris tinha recebido o apoio dos dois líderes democratas no Congresso: o líder da bancada no Senado, Chuck Schumer, e o líder da bancada na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries.
“Os democratas estão a avançar mais fortes e mais unidos do que nunca”, garantiu Schumer numa conferência de imprensa na terça-feira.
Nesta quarta-feira, Harris vai participar num comício organizado por uma república feminina de estudantes universitárias na Universidade Howard, no Indiana, onde a vice-presidente estudou.