Buraco de 12 milhões em subsidiária alemã leva Inapa à insolvência

Empresa estatal Parpública é a maior accionista da Inapa e recusou financiamento de curto prazo a subsidiária alemã.

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A Inapa é uma empresa do sector da pasta e papel que empregava 204 pessoas em Portugal no final de 2023 Rui Gaudêncio
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A Inapa anunciou no domingo à noite que deverá entrar em insolvência “nos próximos dias” como consequência de uma “carência de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária Inapa Deutschland, GmbH (“Inapa Deutschland”)”, no valor de 12 milhões de euros, “para a qual não se encontrou solução de financiamento”.

Já esta segunda-feira, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu a negociação dos títulos da empresa de distribuição de papel “com o propósito de assegurar que o mercado absorve a informação divulgada pela emitente”, e os administradores da Inapa apresentaram a sua demissão. As acções da Inapa fecharam a sessão bolsista de sexta-feira a valer três cêntimos.

No comunicado divulgado no domingo, a empresa até aqui presidida por Frederico Lupi, explica que não conseguiu encontrar “solução de financiamento no prazo estabelecido de acordo com a lei alemã” para a Inapa Deutschland, apesar de “todos os esforços atempadamente desenvolvidos pela administração da Inapa junto de credores e dos accionistas”.

“Em especial junto do seu maior accionista detentor de cerca de 45% do capital social, a Parpública”, salienta a empresa, que foi fundada em 1965 e entrou na bolsa portuguesa em 1980.

Assim, a Inapa Deutschland será apresentada à insolvência esta segunda-feira, dia 22 de Julho. Tendo em conta “os impactos imediatos que a apresentação à insolvência da Inapa Deutschland terá na Inapa IPG, o Conselho de Administração da Inapa IPG [Investimentos, Participações e Gestão] reuniu-se e analisou a sua situação financeira, tendo concluído pela consequente e iminente insolvência da Inapa IPG”.

O conselho de administração “deliberou também apresentar a Inapa IPG à insolvência nos termos da lei portuguesa, o que será formalizado nos próximos dias”, esclareceu a empresa, que tem ainda como accionistas o Novo Banco (6,55%) e a Nova Expressão (10,85%), empresa de planeamento de investimentos de publicidade.

A empresa tem operações em dez países (Alemanha, França, Espanha, Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Holanda, Turquia e Angola) e emprega cerca de 1500 pessoas, das quais 204 em Portugal.

De acordo com o relatório e contas de 2023, a Inapa registou uma queda abrupta do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) para 33 milhões de euros, menos 62% face aos 87 milhões de euros de 2022.

Esta diminuição foi motivada essencialmente pela perda de receitas num mundo onde o peso da digitalização é cada vez maior. As receitas da Inapa totalizaram 969 milhões de euros no ano passado, menos 243 milhões face ao ano anterior.

“As condições de crédito mais exigentes agravaram a função financeira, contribuindo para um prejuízo líquido de 8 milhões de euros”, explica ainda a empresa, que no final de 2023 tinha uma dívida líquida de 207 milhões de euros, pese uma redução de 14 milhões de euros comparativamente a Dezembro de 2022.

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