Adidas retira anúncio com Bella Hadid após críticas de Israel
Num anúncio, a marca alemã recorda os Jogos Olímpicos de Munique de 1972, onde morreram 11 atletas israelitas. E contratou Bella Hadid, de origem palestiniana, para ser um dos rostos da publicidade.
A alemã Adidas retirou o anúncio a sapatilhas retro, em que fazia referência aos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 e para o qual contava com a supermodelo Bella Hadid, de origem palestiniana, depois de uma organização norte-americana de apoio a Israel ter tecido duras críticas.
A escolha da supermodelo norte-americana Bella Hadid para integrar um anúncio que recorda os Jogos Olímpicos de Munique de 1972 não caiu bem a Israel. É que esses Jogos ficaram marcados pela morte de 11 atletas israelitas por atacantes palestinianos e Bella Hadid é uma reconhecida apoiante da causa palestiniana, tendo recentemente doado dinheiro para apoiar os esforços em Gaza.
A empresa alemã de vestuário desportivo tinha escolhido Hadid para promover as suas sapatilhas SL72, que foram lançadas pela primeira vez para coincidir com os Jogos Olímpicos de 1972. “Adivinhem quem é a cara da campanha deles? Bella Hadid, uma modelo meio palestiniana”, lê-se numa mensagem publicada na quinta-feira no X pelo Comité Judaico Americano.
Na madrugada de 5 de Setembro de 1972, oito membros da organização palestiniana Setembro Negro fizeram reféns nove atletas da comitiva israelita, depois de terem matado outros dois. O ataque, que durou mais de 24 horas, contou com o apoio de membros de um grupo neonazi alemão.
Os atacantes exigiam, em troca, a libertação de 234 prisioneiros palestinianos em Israel, e também dos fundadores da Facção do Exército Vermelho (também conhecido como Baader-Meinhof), Andreas Baader e Ulrike Meinhof, ambos presos na então República Federal da Alemanha.
A tomada de reféns terminou ao fim da manhã de 6 de Setembro, com uma intervenção das autoridades alemãs que resultou na morte dos nove atletas israelitas, de cinco dos oito sequestradores e de um polícia alemão.
Entretanto, a Adidas confirmou que Hadid foi retirada da campanha. “Estamos conscientes de que foram feitas ligações a acontecimentos históricos trágicos — embora não sejam intencionais — e pedimos desculpa por qualquer perturbação ou angústia causada.” A empresa também dirigiu as suas desculpas à modelo e restantes profissionais envolvidos na campanha
Bella Hadid é filha de Mohamed Anwar Hadid, conhecido por construir hotéis e mansões de luxo, sobretudo no bairro de Bel Air, Los Angeles, que nasceu em Novembro de 1948, em Nazaré, em plena Primeira Guerra Árabe-Israelita, iniciada em Maio de 1948, após a declaração de independência de Israel. Ainda antes do final desse ano, a família fugiu do território, tornando-se refugiada na Síria e emigrando depois para os EUA.
A modelo tem vindo a assumir uma posição pró-Palestina (embora destaque que tal é diferente de ser anti-semita), tendo, em conjunto com a irmã Gigi, doado um milhão de dólares (918 mil euros) para apoiar os esforços de socorro aos palestinianos.
O actual conflito em Gaza começou quando homens armados do Hamas lançaram um ataque contra Israel, matando cerca de 1200 pessoas e levando 252 para Gaza como reféns. Israel respondeu lançando uma campanha militar em Gaza, que, de acordo com os dados palestinianos, já resultou em quase 39 mil mortos.